Manoel de Oliveira, pioneiro da publicidade em Piracicaba (2)

Inaugurando uma nova fase de expressão política e partidária, apresentado como o primeiro periódico bissemanal a circular na cidade, “O Piracicabano” em seus editoriais procederá à discussão de propostas mais complexas daquele momento, tais como representatividade dos governantes.

Em 1 de outubro daquele ano, era publicado o primeiro número do jornal, atuando como tipógrafos José Pantaleão Lopes Rodrigues e Jorge Augusto Damasceno.

É de 12 de janeiro de 1881 outra informação importante de Guerrini: “… 12 de janeiro – Para a história da imprensa local: Leu-se um ofício do cidadão João Nepomuceno de Souza, comunicando a esta Câmara ser ele editor responsável à publicação do jornal ‘Opinião’, cuja tipografia se acha em sua residência à rua da Palma, número 24. Arquive-se. ”

Em 10 de junho de 1882, foi publicada a primeira edição do jornal “Gazeta de Piracicaba”, o primeiro jornal diário de Piracicaba.

“Liberdade de pensamento é responsabilidade do autor”. Esta frase, encabeçando o jornal “Gazeta de Piracicaba”, em 10 de junho de 1882, foi o primeiro compromisso implícito da imprensa diária da cidade, que comemora nesta data os seus 106 anos de existência como jornal diário. Estão distantes da nossa realidade os compromissos daqueles dias, entretanto as preocupações com a cultura, teatro, os movimentos e lutas políticas, com a venda de gaiolas ou roupas, casas ou escravos, mas principalmente, o respeito à pluralidade de ideias que perpassavam a sociedade local há mais de um século, era um compromisso que se herdou da tradição liberal e que nos persegue até estes dias.

Pouco maior que um tabloide, circulando as terças, quintas e sábados, este primeiro jornal diário da cidade mantinha, na sua primeira página, artigos relacionados a temas diversos e compromissos filosóficos vários, que representavam o pensamento da época. A primeira manchete representava igualmente um vício. Falava do sucesso da apresentação de uma banda

dirigida pelo maestro Antonio Gomes Escobar. A banda, entretanto, tinha se apresentado seis dias antes. Só que, naqueles dias, a composição dos tipos de jornal era feita manualmente. As notícias não eram tantas assim, mas o jornal já representava um novo sintoma de progresso para a cidade.”

Hotel-Central

Anúncio do Hotel Central (fonte: Arquivo do IHGP)

Outra constatação a partir do jornalismo diário que passou a ser praticado na cidade foi a sua aproximação com a maçonaria.

“A maçonaria teve, no passado, e mantém até hoje, influência discreta sobre as empresas de comunicação da cidade. E a história do jornalismo local, do romantismo à era da indústria cultural, tem evidentemente, características próprias, personagens, mas representa um elo importante para a compreensão da história do jornalismo brasileiro. Se a Gazeta surgiu como fruto da luta entre monarquistas e republicanos, a luta histórica entre conservadores e progressistas, outras publicações surgiram, dando à luta pelo poder político local, cor e sentidos próprios.”

O redator da “Gazeta” era Vitelino Ferraz do Amaral e a empresa, propriedade de Assis & Ferraz. Em 6 de fevereiro de 1885, o jornal foi vendido por Joaquim Borges aos profs. José Manuel de França Junior e Augusto César de Arruda Castanho.

Alguns dias depois, em 12 de abril, a “Gazeta” enfrenta o concorrente “O Piracicabano”, de forma inusitada, como nos relata Guerrini: “12 de abril – Consoante o registro competente, havia na cidade dois jornais, a ‘Gazeta’ e ‘O Piracicabano’. Por 40$000 e 30$000 anuais, respectivamente, propunham-se ambos a publicar atos oficiais da municipalidade. Foi, entretanto, aceita a proposta mais cara, da ‘Gazeta’, que, conhecendo a oferta do colega citadino, ofereceu-se gratuitamente para fazer o trabalho em apreço.”

Ao participar da abertura de um evento denominado “Inventário da Imprensa Piracicabana”, para alunos do sétimo semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba, em 9 de março de 1988, o jornalista, historiador e folclorista João Chiarini assim definiu os objetivos da “Gazeta”:

“O jornal era composto manualmente e surgiu como produto dos que acreditavam na República. Politicamente nada combativo, apareceu durante o regime monárquico, que tinha uma peculiaridade local: era representado por estes dois partidos, um encabeçado pelo Barão da Serra Negra e, outro, por seu genro Barão de Rezende. Preocupado quanto aos aspectos culturais da época, enfatizava o teatro e a literatura, sem deixar de abordar problemas locais. Lutava, por exemplo, para que a estrada de ferro chegasse ao município, o que acabou ocorrendo em 1894. Sua apresentação literária impressionava pelo requinte estilístico. O noticiário retratava acontecimentos sociais da época. Não possuía linha editorial rígida. As matérias assinadas refletiam a orientação impressa em sua primeira página.

A ‘Gazeta’ circulava com quatro páginas, sendo as duas últimas reservadas a anúncios de vendas de casas, gaiolas, roupas, escravos, etc. Sua diagramação seguia sempre o mesmo estilo: três colunas em cada página, variando somente as de publicidade feitas por reclamastes, responsáveis por suas ilustrações. O jornal possuía seção livre, destinada às pessoas interessadas em anúncios ou notas, os mais diversos desde falecimento à apresentação de orquestras. Trazia ainda uma coluna sobre Capivari, cidade vizinha, para onde eram enviados alguns exemplares.”

Temos finalmente notícias de um jornal de tendência monarquista intitulado “Jornal do Povo”, dirigido por Joaquim Luiz. E de um tabloide humorístico, denominado “O Bagre”, cujos exemplares são preservados através de microfilmes na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

(continua)

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