Manoel de Oliveira, pioneiro da publicidade em Piracicaba (3)

Entre os episódios que marcaram a imprensa local no século XIX, um deles está registrado de forma peculiar por Guerrini, mostrando que: “Em 26 de fevereiro – O Jornal do Povo, órgão citadino, era contrário, segundo a Gazeta de Piracicaba, à criação da freguesia ou paróquia de São Benedito, uma vez que a população da cidade não comportava a divisão da antiga freguesia de Santo António.”

Tem-se também, pelo relato de Guerrini, uma informação daquela que pode ter sido uma edição extra do jornal “Gazeta de Piracicaba”, em 1891, o da deposição do então Presidente do Estado (atual Governador), Américo Brasiliense, desta forma: “19 de dezembro – Boletins distribuídos profusamente pelas ruas da cidade – talvez uma edição-extra da Gazeta de Piracicaba – davam conta ao povo da deposição do Dr. Américo Brasiliense do cargo de presidente do Estado, substituído que foi pelo Dr. João Alves de Cerqueira Cezar”.

O fato causou constrangimento maior porque anteriormente, o Presidente do Estado (Governador), tinha sido o advogado ituano/piracicabano Prudente de Morais.

Em abril de 1893, ainda segundo Guerrini, pode estar outra pista sobre a prática do jornalismo diário na cidade. “11 de abril – O Jornal do Povo, órgão local, que defendia ideias monarquistas, com o Barão de Rezende no comando, passou a publicar-se diariamente. Se não nos enganamos, foi a primeira folha diária que contou nossa terra.”

De 1896, foi possível encontrar no mesmo autor, a informação sobre a primeira sessão de cinema ocorrida em Piracicaba. Num anúncio veiculado pela “Gazeta”, que dizia o seguinte: “18 de outubro – Primeiro anúncio de cinema publicado em Piracicaba, pela Gazeta, dizia ‘Última palavra da ciência! A maior maravilha do século! O cinematógrafo ou a fotografia animada. Vistas naturais animadas, da terra, do mar, do trem e dos navios! Quem não for cego deverá ver! Cenas e panoramas, o que há de mais interessante! Entrada, 1$000. Cinco sessões, às 7, 7 e meia, 8, 8 e meia e 9 horas’.”

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Anúncio antigo da fábrica Tatuzinho. (fonte: Arquivo do IHGP)

Outra informação significativa sobre a evolução na imprensa daqueles dias ocorre em 4 de outubro de 1898, e segundo Guerrini: “4 de outubro – Aniversário de Prudente de Morais, então presidente da república. A ‘Gazeta de Piracicaba’ se apresentou em edição melhorada, com o clichê do notável paulista – coisa rara naqueles tempos. É um retrato a bico de pena, infelizmente de autor ignorado, mas fiel.”

De 1899, há dois acontecimentos importantes a registrar sobre a imprensa no final do século. Eles ocorreram entre os dias 5 e 6 de maio e foram assim assinalados na obra de Guerrini: “5 de maio – Faleceu nesta cidade o cidadão Leonídio Augusto de Souza Porto, natural de Sergipe e aqui se dedicara ao magistério. Repatriava a ‘Gazeta de Piracicaba’, a qual, então, passou a ser dirigida pelo Dr. João Sampaio. 6 de maio – Deu o seu último número o ‘Jornal do Povo’, repatriado por Joaquim Luiz, após alguns anos de existência sempre interrompida. Infelizmente não conseguimos descobrir ainda um só número desse órgão.”

Pelos registros que se tem da Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, estão microfilmados e lá guardados outros periódicos aos quais não se tem acesso em Piracicaba, mas, segundo consta, foram veiculados igualmente no século XIX, tais como “O Porvir”, cuja primeira edição encontrada foi de 21 de maio de 1893, sendo editado pelo “Clube 4 de maio”; falava também do jornal “A Borboleta”, tendo sido encontrado um exemplar de julho de 1882; há também “A Alvorada”, de junho de 1880; “A Democracia”, de julho de 1879.

Os jornais da época, portanto, eram porta-vozes dos primeiros passos de uma cidade que engatinhava. Por isso há tanto ineditismo em suas páginas: as primeiras escolas, os primeiros fonógrafos, o primeiro clichê, a primeira ferrovia, a primeira escola agrícola. Numa cidade plena de novidades, o Século XX despontava como promissor. E com ele, o desenvolvimento da imprensa tenderia a ser ainda muito mais representativo.

 (continua)

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