Almeida Jr.: uma história de amor, arte e sangue (3)

hotel central

À porta do Hotel Central, Almeida Jr. foi asassinado.

História de Sangue

Retornando ao Brasil, Almeida Jr. dedicou-se com toda a alma e vigor ao seu grande ideal. Conseguira, na França, o domínio perfeito da técnica, mas a Europa não conseguira roubar-lhe os sentimentos nacionalistas que lhe impregnaram toda a obra. Voltou Almeida Jr. para criar obras imortais, como Caipiras Negaceando, Picando Fumo, Amolação Interrompida, Partida da Monção.

Esperava-o, porém, a grande desilusão. Maria Laura estava casada. E seu marido era primo do pintor: José de Almeida Sampaio. O casamento fora-lhe imposto pelos pais e a jovem não encontrara outro caminho senão obedecê-los. Almeida Jr. sofreu ao ver esboreada parte de seus muitos sonhos. Maria Laura estava demasiado integrada em sua vida para poder esquecê-la tão simplesmente, renunciá-la para sempre.

Reviram-se, na casa de José de Almeida Sampaio, em Rio das Pedras. Tornaram-se a ver com frequência. E, num daqueles momentos, não souberam conter a pressão dos sentimentos e eles explodiram de forma violenta, unindo-os num amor clandestino que durou até a tarde fatídica de 13 de novembro de 1899.

Muito tempo, Maria Laura e Almeida Jr. viveram aquele amor impossível. E ela não soube mais esconder os delírios daquele amor, confessando, dramaticamente que não suportava mais a existência com o marido, desesperada para viver integralmente o amor que lhe oferecia o pintor. Certo dia, estando em São Paulo, hospedando-se na residência de Almeida Jr., José de Almeida Sampaio encontra sobre o criado-mudo uma carta com a letra de Maria Laura. Abre-a, lê. E descobre a infidelidade da mulher, a traição que lhe fazia com o próprio primo.

Desesperado, José de Almeida Sampaio retorna a Piracicaba, telegrafando à esposa para que o espere no Hotel Central. E, na tarde de 13 de novembro de 1889, Maria Laura, acompanhada dos filhos e de Almeida Jr., vai ao encontro do marido. Desvairado, José de Almeida Sampaio dirige-se à porta do hotel e, sem mais outro gesto, apunhala o pintor. Maria Laura corre a abraçá-lo, mas Almeida Jr., tem apenas uma frase que sintetiza tudo: estou morto.

 (continua)

[Esta reportagem foi, originalmente, publicada na revista “Piracema”, edição de abril de 1966. O texto é de Cecílio Elias Netto, com pesquisa no Fórum de Piracicaba e arquivos de João Chiarini. Reprodução fotográfica: Beto Brusantin]

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1 comentário

  1. Tata em 24/08/2019 às 10:45

    O verdadeiro faroeste caipira !!!!

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