Em 1987: hoje tem serenata? Tem, sim senhor!

O texto abaixo foi publicado em agosto de 1987 no semanário impresso A Província. Recuperamos para lembrar os 30 anos de atuação em Piracicaba.

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Ilustração oficial: Douglas Mayer

 Não há Piracicaba sem o rio e sem pescador. Não há Piracicaba sem serestas e seresteiros, as serenatas que continuam desafiando a televisão, os vídeos, a violência que tomou as ruas de assalto. Não importa como fazer serestas, se com violão e cavaquinho, se com viola ou bandolim, se com guitarra elétrica.

 

O importante é que as serestas e as serenatas continuam vivas. Há até quem faça serenata com o som do automóvel no volume máximo, para a namorada que mora no último andar do edifício de apartamentos.

Mas é serenata, como não?

OS SERESTEIROS 

A PROVÍNCIA, justamente por sua proposta do mais universal e humano dos jornalismos — que é o jornalismo da província — não vai deixar por menos: queremos serenata, qualquer tipo de serenata, mas que seja serenata.

Só “gurigui” não gosta de serenata. Quem for seresteiro — de 8 a 80 anos de idade — pode mandar o recado que A PROVÍNCIA irá botar a boca no trombone, avisando o arraial inteiro onde haverá serenata.

Cobrinha, o mais doce dos nossos seresteiros, onde estará fazendo seresta neste final de semana? Ontem, o Cobrinha deveria ter ido cantar no quartel do Tiro de Guerra.

— Vou dar uma passadinha lá no “Shalom”, do Joãozinho e da Terezinha, um lugar gostoso. Dizem que tem muita gente moça, será que eles gostam de serestas? — fala Cobrinha, alma de passarinho.

Ora, Cobrinha: cante “Três Lágrimas” do Sílvio Caldas, e a moçada se derrete. Quem não se derrete? Só “gurigui” que não…

O Pedro Alexandrino vai com violão a tiracolo dar uma passadinha na “Arapuca”, do Paulo Pecorari. O “seo” Paulo já ficou sabendo, está alegre pela improvisação. Apenas um conselho à moçada, pois os casais e os coroas já sabem: o Pedro Alexandrino gosta de ser ouvido, não está acostumado com a zoêra de pessoal que só vai comer em restaurante, esquecendo de curtir. Uma dica, ou um aviso do “Telégrapho” do Cerinha: peçam para o Pedro cantar “Malandrinha”, mas, se quiserem, mandem braza no repertório do Chico Buarque.

Só que pode dar rebu na “Arapuca”. Pois o “Bolão” (o Antonio Carlos Fioravanti) e o “Nêgo” (o Edmilson Carrascoza) também programaram uma passadinha na “ARAPUCA”. Quem estiver com dordecô (dor-de-cotovelo ou dorde-corno, ou deprê, como diz a garotada) pode soluçar à vontade.

Ninguém sabe onde o Newman Simões vai estar com o “Grupo Seresta”, mas descobriremos semana que vem. O Newman está com o mais moderno e belíssimo conjunto seresteiro da província, prá acordar mulher-amada como se ela estivesse no paraíso. E o Miguel Sansígolo não vai estar por aqui: com sua flauta de mágico, Miguel está dando expediente, neste final de semana, na boêmia gostosa da província de São Pedro.

Tem romance na noite piracicabana. Por que ficar em casa?

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O texto oficial, de 1987

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