Mascote do XV, Nhô Quim completa 70 anos

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Foto: Divulgação

Impossível não lembrar de um ao ouvir o nome do outro. Assim é a relação, consolidada ao longo de 70 anos de uma união estável, entre o XV de Piracicaba e seu mascote oficial, o Nhô Quim. O personagem, herança de Edson Rontani, que antes de se formar professor e advogado já tinha a paixão e o talento para os desenhos, remete não somente ao clube alvinegro, mas também ao caipira, figura de uma cidade que cresceu sem deixar suas raízes de interior.

“A criação surgiu sem pretensão de ganho financeiro, tanto que isso nunca houve. O que acontecia como contrapartida era o reconhecimento das pessoas nas ruas. Isso motivou meu pai a desenhar o Nhô Quim por 49 anos. Espero que lá de cima ele possa ver que estamos celebrando essa data, que não foi esquecida”, lembrou o jornalista Edson Rontani Júnior, autor do livro “Nhô Quim – A história que eu conheço”, lançado em 2013.

“Piracicaba é um município bem interiorano. Falamos o “r” arrastado, comemos pamonha e não deixamos de ir ao estádio para ver o XV jogar. Isso está na nossa natureza, na nossa raiz. O dialeto piracicabano, inclusive, se tornou um legado, por meio do Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba) e da Secretaria Municipal de Educação, como um bem material. Então, o Nhô Quim tem tudo a ver com o piracicabano, há toda uma história e uma identidade em cima”, prosseguiu o filho de Edson Rontani.

Segundo o livro do ex-jornalista Rocha Netto, “A história do XV”, após o ingresso do Alvinegro Piracicabano na Primeira Divisão de Profissionais, em 1948 (o que trouxe ao clube a alcunha de “Pioneiro da Lei do Acesso”), vários cartunistas da capital passaram a criar caricaturas que representavam o XV e foi das mãos de Nino Borges que surgiu o boneco que foi batizado de Nhô Quim pelo consagrado Thomaz Mazzoni, então redator-chefe de A Gazeta Esportiva.

Outros desenhistas de jornais de São Paulo deram diferentes formas ao caipira, mas em Piracicaba, o jovial Rontani, ao apresentar charges do “Jeca”, que simbolizava em 1949 o “Primeiro Campeão Profissional do Interior”, popularizou o mascote. Mesmo quando Nino Borges lançou na Gazeta Esportiva o “Nhô Quim”, Rontani não alterou o seu desenho, que o povo também passou a denominar de Nhô Quim, por conta do saudoso jornalista Nenê Ferraz.

Em 1952, Rontani teve a oportunidade de publicar no Jornal de Piracicaba os trabalhos caricaturados do XV, com clichês reticulados pelo ex-jornalista e pintor Eugênio Luiz Losso. No ano seguinte, quando o jornalista Sebastião Ferraz passou a dirigir o Diário de Piracicaba, o matutino adquiriu uma clicheria e, assim, Rontani foi convidado para colaborar com aquele veículo com charges dominicais sobre o Alvinegro Piracicabano.

Em contato com Nino Borges, em São Paulo, quando este já havia se aposentado da “Esportiva”, Rontani solicitou-lhe permissão para dar continuidade à figura do Nhô Quim, que seguiu sendo exibido, de uma maneira completamente diferente dos primeiros. “O falecimento do meu pai aconteceu há 21 anos, porém essa memória continua viva, hoje, principalmente, pelas mãos do caricaturista oficial do clube, o Luis Marangoni. Isso é um orgulho imenso para mim e para minha família”, comentou Edson Rontani Junior.

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