Monteiro Lobato, criador da literatura infantil

Ele foi amigo especial de piracicabanos também ilustres: Thales de Andrade, Leo Vaz, Breno Ferraz, Marcelino Ritter, com quem trabalhou no jornal “O Estado de São Paulo”. É dele a frase famosa, quando o “grupo piracicabano” comandava o Estadão e influenciava a cultura paulistana: “O perigo não vem dos amarelos, mas dos piracicabanos.” Defendeu a tese, em sua luta pelo petróleo, de haver lençóis dessa riqueza em terras de Águas de São Pedro.

José Bento Monteiro Lobato nasceu em Taubaté (SP), em 18 de abril de 1882, filho de José Bento Marcondes Lobato e de Olímpia Augusta Monteiro Lobato. Seus primeiros estudos foram feitos em Taubaté e, aos 13 anos, transferiu-se para São Paulo, sendo reprovado em português nas primeiras provas. Participou ativamente de grêmios estudantis, estreando no jornal “O Guarani”, do grêmio escolar. Aos 18 anos, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo São Francisco. Foi presidente da Arcádia Acadêmica, tornando-se socialista desde muito cedo. Formou-se em 1904, dizendo não ter vocação para bacharel. Mas, em 1907, foi nomeado promotor público da comarca de Areias (SP), um lugar humilde onde conviveu com roceiros “sem eira nem beira”.

Seu avô, Visconde de Tremembé, deixou-lhe, quando morreu em 1911,  a Fazenda Buquira,  onde Monteiro Lobato tentou iniciar sua vida de produtor agrícola. No entanto, grande seca assolou a região em 1914 e roceiros queimaram a fazenda, provocando a ira de Monteiro Lobato que passou a escrever contra eles no jornal “O Estado de São Paulo”. Seus artigos chamaram a atenção e ele mudou-se para São Paulo em 1917, comprando a Revista do Brasil e publicando seu primeiro livro, “Urupês”. No mesmo ano, tornou-se editor, criando a Editora Monteiro Lobato que faliu em 1925, dando lugar à Companhia Editora Nacional. Mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1927, o Presidente Washington Luiz o nomeou adido comercial em Nova York, onde ficou até 1932.

A experiência nos Estados Unidos transformou Monteiro Lobato num nacionalista ferrenho, convicto das grandes jazidas de petrolíferas  do Brasil. Deflagrando a campanha pelo petróleo,  Monteiro Lobato fundou, em 1931, a Cia Petróleo do Brasil. As suas divergências com o ditador Getúlio Vargas se agravaram e Lobato foi preso em 1941, passando 90 dias encarcerado. Decepcionado, mudou-se para Buenos Aires, onde pretendia fixar-se. Com a redemocratização do Brasil, retornou ao país em 1947,  prosseguindo sua luta nacionalista.

É o criador da figura do “Jeca Tatu”, uma crítica ao povo brasileiro. Mas seus livros infantis, com 17 volumes, encantaram muitas gerações de brasileiros, tornando-se imortais as personagens de Narizinho, Visconde de Sabugosa, Tia Nastácia, Emília, Pedrinho e a beleza do Sítio do Picapau Amarelo. Sua obra é vastíssima, incluindo livros de fundo político como “Escândalo do Petróleo”, “Mr.Slang e o Brasil”. A obra completa foi editada pela Editora Brasiliense.

Monteiro Lobato, cujo nome foi lembrado para a Academia Brasileira de Letras, morreu, vitimado por espasmo vascular, na madrugada do dia 5 de julho de 1948.

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