Estagiário de Jornalismo da Esalq recebe prêmio Internacional

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Caio Nogueira Antunes, 21 anos, acadêmico do 4º semestre de Jornalismo da Unimep e estagiário em Jornalismo na Divisão de Comunicação da ESALQ, recebeu na manhã desta terça-feira, 22 de novembro de 2016, em Asunción (Paraguai), o Premio de Periodismo Científico del MERCOSUR pela matéria “Benefícios da Romã à Saúde”, divulgada no site da instituição e em outras mídias locais e nacionais, em agosto deste ano.

No último dia 17 de novembro, Antunes recebeu mensagem do Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología (CONACYT), informando que havia obtido o primeiro lugar na Categoria Escrita, modalidade Junior. Esta edição, que teve como tema “Ciencia, Tecnología e Innovación para la Alimentación”, contou com o apoio da UNESCO atendendo ao programa anual da Organização da Nações Unidas (ONU). A iniciativa é da Reunión Especializada em Ciencia y Tenología del MERCOSUR.

O principal objetivo da premiação é promover a comunicação da ciência, tecnologia e inovação no Mercosul e dar visibilidade a estas nos meios de comunicação dos países membros e associados deste bloco econômico sul-americano, além de fomentar a participação dos jovens em atividades que envolvam o tratamento da informação voltado à ciência.

Nesta edição, foram inscritos trabalhos da Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia, Paraguay, Perú, Uruguay e Venezuela.

Para Antunes, a conquista foi muito importante por se tratar de um prêmio internacional, no qual oito países do MERCOSUL participaram. “Por ser meu primeiro prêmio de Jornalismo, torna tudo mais especial ainda. O que a CONACYT faz é muito importante, pois eles incentivam a escrita científica, e ser reconhecido por um texto produzido na Divisão de Comunicação da ESALQ, me deixa mais orgulhoso ainda por fazer parte dessa equipe”, declarou o estagiário.

Trabalho premiado

A doença de Alzheimer é uma enfermidade até hoje incurável e que pode se agravar com o decorrer do tempo. Atinge pessoas idosas, tem atuação neurodegenerativa, ou seja, leva o paciente a perder sua capacidade cognitiva. Na prática, reduz a qualidade de vida de uma em cada dez pessoas acima de 65 anos. Pensando nisso, a doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP) Maressa Caldeira Morzelle, iniciou uma pesquisa para apurar se micropartículas à base da casca de romã apresentava efeito neuroprotetor.

Orientada pela professora Jocelem Mastrodi Salgado, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição, Maressa continuou o trabalho que sua orientadora havia começado, quando detectou que a casca da romã apresenta maior quantidade de compostos bioativos e atividade antioxidante do que sua polpa. Os compostos contribuem para o bom funcionamento do organismo e prevenção de doenças, e reduz as reações de degradação oxidativa, explica em sua pesquisa. Maressa observou que o extrato da casca é capaz de inibir a enzima acetilcolinesterase, e essa inibição é a ação de medicamentos utilizados para a doença de Alzheimer. “Essa enzima prejudica o sistema colinérgico por meio da degradação de um neurotransmissor”, explica. Em 2013, a pesquisadora e sua orientadora fizeram pesquisas, utilizando camundongos, para verificar se a casca da romã apresentava o efeito neuroprotetor.

O principal resultado descoberto na pesquisa desenvolvida por Maressa, é que a casca da romã é fonte de compostos antioxidantes e que pode trazer benefícios à saúde humana. A casca da fruta apresentou valor de 95% superior de compostos fenólicos, que são os principais responsáveis pela atividade antioxidante em relação à polpa. Foi verificado, em relação ao estudo com os animais, que o consumo do extrato da casca da romã foi capaz de inibir a atividade da enzima acetilcolinesterase em até 77%. Outro dado importante é que os animais tratados apresentaram níveis de substâncias que favorecem a sobrevivência dos neurônios, e foram capazes de reduzir placas amiloides, uma das principais características da doença Alzheimer. Além disso, os animais que consumiram a romã apresentaram uma manutenção da memória, o que não acontecia nos animais que não eram tratados com a romã.

Esses resultados foram satisfatórios, pois indicaram que a casca da romã possivelmente apresenta um efeito neuroprotetor para a doença. “Precisamos destacar que é preciso muita cautela ao extrapolar estes resultados para humanos. Os resultados obtidos na pesquisa em camundongos foram melhores do que imaginávamos, mas ainda existe um longo caminho na pesquisa, para que possamos transferir estes dados aos seres humanos”, afirmou Maressa.

A pesquisa foi desenvolvida no Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da ESALQ, e no Departamento de Ciências Fisiológicas, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Além de Maressa e da prof.ª Jocelem, participaram do trabalho os pesquisadores prof.ª Tânia Araújo Viel – co-orientadora (Escola de Artes, Ciências e Humanidades/USP) e o prof. Hudson Buck (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo).

O estudo foi desenvolvido com bolsa de doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

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