Thereza Alves: a grande voz piracicabana
Mulher, negra, casada, mãe de dois filhos e cantora amante da boa música. Isso é um pouco da vida de Thereza Alves, a nossa entrevistada de hoje.
A cantora que realmente encanta com sua linda e firme voz, revela que canta desde criança e subiu ao palco pela primeira vez em 1956.
Neste mês, Thereza Alves completa 50 anos de dedicação à boa música, e certamente tem muita história nos contar.
A Província – Que tipo de música prefere?
Gosto de todos os gêneros. Música não tem fronteira. Gosto mesmo é de boa música.
A Província – E os sucessos da atualidade, os chamados “lixos musicais”?
Eu acredito que a boa música é a que fica. Nós vimos muitos jovens participando do movimento Choros e Serestas, que acontece mensalmente na Rua do Porto. Eles assim como os mais idosos vão para ouvir qualidade musical.
Eu acredito que este chamado lixo musical é um movimento passageiro, apesar de estar durante um bocado.
A Província – O preconceito…
Sofri preconceito por ser mulher e sofri preconceito por ser negra. Mas, eu fui criada com os pensamentos, você é um ser humano com todos os direitos e deveres, se fecharem o caminho de um lado, você da volta por cima ou por baixo.
Não precisa enfrentar ninguém. Eu fui criada não para aceitar a discriminação, mas para administrá-la. Já como mulher sofri mais preconceito. Na época a mulher que se atrevia a subir em um palco tinha um rótulo. Minha mãe tinha uma mente aberta e eu consegui superar.
A Província – E o seu pai?
Meu pai já me deu muito problema. Na época ele não permitia, talvez, ele tivesse medo de ver o nome da filha por ai.
Mas não foi isso que aconteceu.
A Província – Cantores preferidos…
Caubi Peixoto, Nelson Gonçalves, Elis Regina. Elis foi uma deusa para mim, quando ela morreu chorei muito. Sofri um bocado com a morte da menina, muito mesmo era um nome, uma potência, era uma deusa.