Aids cresce entre os jovens

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HIV-AIDS

 

No Dia Mundial de Combate à AIDS, Santa Casa estimula o conhecimento e a prevenção

Desde a década de 80, a Aids tem feito milhares de vítimas  em todo o mundo. Novos estudos e novas descobertas para que a pessoa portadora do vírus HIV tenha uma vida “normal” ou, ainda, a descoberta de novas drogas para anular a transmissão do vírus antes ou após o contato com alguém infectado, tem avançado. No entanto, todos os anos, novas pessoas entram na lista de soropositivos. A preocupação atualmente é com aumento de casos de Aids na parcela da população com idade entre 15 e 24 anos.

Pesquisa do Ministério da Saúde, realizada ano passado, mostrou que apenas 45% dos entrevistados usaram preservativo em suas relações sexuais com parceiros casuais nos 12 meses antecedentes à pesquisa.

“Algumas teorias informam que o avanço da doença nessa parcela da população se dá pela ausência de medo de conviver com a Aids e por já existirem medicamentos que ofereçam uma vida normal e ativa ao portador do vírus”, disse o coordenador do Programa Municipal das DST/Aids, Moisés Taglietta. Segundo ele, esses jovens não presenciaram as agruras da doença e o que ela causa no sistema imunológico da pessoa com Aids. Outra teoria é a de que, na verdade, o preservativo nunca foi usado como se deve; ou seja, em absolutamente todas as atividades sexuais.

“Quando se descobriu a Aids, os grupos HSH (Homens que fazem sexo com homens), profissionais do sexo e usuários de drogas ficaram na mira como sendo os grandes responsáveis pela transmissão da doença. Por algum tempo, eles usaram o preservativo, mas gradativamente foram deixando de fazer o uso consistente desse mecanismo de proteção”, explica Taglietta.

Como forma de prevenir e alertar a população sobre os riscos da Aids, no sentido de informar que a doença  existe, que ainda mata e que o ideal é a prevenção por meio de preservativos, a Santa Casa de Piracicaba  fará dois dias de campanha na Instituição com a finalidade de alertar funcionários e pacientes sobre os riscos da doença. A iniciativa acontece em parceria com o Cedic (Centro de Doenças Sexualmente Transmissíveis), que cedeu material informativo para esta ação.

De acordo com o médico infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa de Piracicaba/SCIH, Hamilton Bonilha, em breve, o Brasil adotará nova profilaxia para o combate da Aids. “O Brasil é pioneiro na oferta de coquetéis de combate ao vírus do HIV e em breve, o Ministério da Saúde deverá liberar mais uma maneira de prevenir a proliferação da doença, introduzindo no país as chamadas novas tecnologias de prevenção, necessárias para compor as opções para a prevenção combinada, chamada de PrEP (profilaxia pré-exposição)”, explica.

Bonilha explica que, atualmente, o país disponibiliza a PEP (profilaxia pós-exposição), em que a pessoa tem até 72h para tomar o coquetel de  antirretrovirais depois de exposta a algum risco de contaminação e manter o tratamento por 28 dias. Após esse período, é feito o teste para detectar a presença ou não do vírus no organismo. No Estado de São Paulo, por exemplo, a busca pela PEP vem dobrando ano a ano desde 2011, tendo passado de 547 usuários, naquele ano, para 7.535, em 2015.  Nesse mesmo período, o número de municípios paulistas que disponibilizavam a PEP passou de 54 para 112.

Em Piracicaba existem 1.350 pessoas em tratamento da doença. Em 2014 foram 45 novos casos de Aids contra 33 novos casos em 2015. No caso do HIV foram 72 novos registros em 2014 contra 76 em 2015, de acordo com Taglietta.

A meta da ONU (Organização das Nações Unidas) é acabar com a epidemia da Aids até 2030. Além disso, há uma diretriz muito objetiva da Organização para que os países do mundo todo avancem no controle da epidemia de Aids. A entidade preconiza não apenas o tratamento universal a todos os pacientes diagnosticados, como também o reforço às medidas tradicionais de prevenção e aos tratamentos pré e pós-exposição para diminuir o contágio.

Devido ao impacto positivo da entrada dos antirretrovirais no Brasil, é comum que as pessoas se espantem ao saberem que a Aids não só continua crescendo, como continua matando. As últimas estimativas apontam para uma média de 39 mil casos por ano, sendo que, em 2015, 81 mil pessoas iniciaram o tratamento da doença. Desde o início da epidemia de Aids, em 1980, até o ano passado, 798.366 casos de Aids foram registrados no país, segundo o Ministério da Saúde. A conta é simples: quanto menos gente infectada, menos gente infectando.

Este ano, até a CNBB lançou campanha para incentivar diagnóstico precoce da Aids. Em parceria com o Ministério da Saúde, a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) lançou anteontem a campanha “Nós podemos construir um futuro sem Aids”. O objetivo é disseminar informações sobre a doença, as formas de prevenção e tratamento, além de incentivar o diagnóstico precoce do HIV/aids. Mais de 11 mil paróquias, por intermédio de 150 dioceses, levarão a campanha para todo o país.

 

*Hamilton Bonilha, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Santa Casa de Piracicaba/SCIH

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