Amor, eterno amor

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Amor, eterno amor – Marisa Bueloni

Foto: Reprodução Google

Pensei em escrever o amor, eu que ando tão plena dele. De todo tipo de amor. Amor pela família, pelos amigos, amor pela natureza, amor pelas pessoas com as quais cruzamos neste mundo. Amor a Deus.  Sentimento que se derrama, abraça o universo e se detém, quando se trata do amor, aquele, o do coração.

Amar é divino e estar apaixonado é um presente dos céus. A pessoa fica em estado de graça permanente e dele não quer sair por nada. Há delícia no ar que se respira. Doçura que sai pelos poros. O amor vai crescendo, tomando conta de tudo, da casa, da roupa, do telefone, do carro, da cozinha, do café, do pão. Em tudo há amor. Do coração, ele pula para fora. Sobe ao infinito e retorna, vai e vem, sem parar.

Uma pessoa apaixonada me disse que amar é sofrer.  Também. As dores do amor são universais. Um psiquiatra querido me dizia que o homem é o mesmo, ao longo da história, nas diferentes épocas. Ele sofre, chora, ri, ama. Das cavernas até hoje, o Sapiens não mudou. O coração humano é o seu próprio mistério.

O amor é um abismo de perguntas. Por que amamos a este e não aquele? De onde brota a atração fatal? Desculpe, não resisti ao “fatal”. De onde vem a inspiração para o romantismo, a saudade, a beleza de esperar pelo momento de estar junto da pessoa amada? Sim, sei, vem dos céus, vem dos deuses que lançam seus dardos inflamados, atingindo os desprevenidos pelo caminho. Pobres criaturas!

O amor, às vezes, nos pega no desamparo, na escassez de tudo. Estávamos vazios, distraídos, sem eira nem beira, saltimbancos em busca da poesia, à espera de algum destino que se cumprisse. A que se destina? E o tal do amor bate a nossa porta, atrevido e sorrateiro. Como resistir?

O objeto da paixão passa a ser pensamento constante, não sai da cabeça. É impossível raciocinar, dormir, comer, rezar. Perde-se a fome e é visível que se está emagrecendo. O amor tem dessas. Mas que maravilha é. A voz do outro é uma sinfonia inacabada. Só ficará concluída quando o mundo acabar.

Assim é o amor. Faz das suas. Tira a fome e o sono. E o apaixonado assume um ar de etéreo enlevo. Vive nas nuvens, tropeça nas palavras e o assunto vira um encantamento de profunda importância. O que pode ser mais importante que o amor? Que coisa terá maior relevância?

Contudo, para viver um grande amor é preciso ser correspondido. Dureza é amar sozinho, de forma unilateral, sofrendo pelos cantos a paixão incontida. Vontade de gritar para o mundo ouvir. Quem sabe o outro ouve e se comove? Amor não correspondido é das coisas mais tristes e mais dolorosas.

Mas, para louvar o amor, advogo que estar apaixonado é uma das melhores coisas da vida. Nada supera esta questão. A alma canta, pula de alegria, e o que ama sente a presença inconfundível da felicidade. Ai, o amor faz a pessoa passar vergonha, corar, engasgar, tossir, errar na baliza, dar foras homéricos. É um desastre total.

Quem está vivendo uma paixão neste momento há de concordar comigo. Amar é não caber em si de contentamento. Amar é sentir que nos tornamos uma pessoa melhor. Será amor para a vida toda? Por que não? E o exemplo lindo dos nossos pais, velhinhos, um cuidando do outro até a chama se apagar? Ah, que belo é envelhecer juntos. Um passar as mãos no cabelo do outro, fazer carinhos sem fim. E num entardecer da vida, suspirar, abraçados eternamente.

Agora, silêncio. Fazei silêncio. Estou ouvindo uma cantiga de amor. Ela diz que o amor é a única razão de viver. Freud disse: ”Precisamos amar para não adoecer”. Sim, sim, sim.

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