A angústia de viver

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tikkun

Reprodução Google

Há filmes que fazem pensar sobre a existência humana com profundidade. É o caso israelense ‘Tikkun’, de Avishei Sivan. O título, que significa “correção”, em hebraico, aponta para uma história em que o inusitado se faz presente a todo momento, em reviravoltas que demandam reflexão sobre se há motivo para estar no mundo.

O protagonista é um jovem judeu ortodoxo que se destaca nos estudos religiosos. Porém, no chuveiro, contempla a própria ereção, escorrega e tem uma parada cardíaca. Paramédicos são chamados e desistem. Cabe ao pai, que lida com a morte cotidianamente, por matar animais dentro dos princípios de pureza kosher, reanimá-lo.

E tudo se altera a partir daí. O jovem deseja conhecer um mundo do qual não participava. Quase não dorme à noite e pega caronas para praias desertas e bordeis. Nada faz que possa envergonhá-lo, mas a tudo assiste. Ele passa a negligenciar os estudos; e o pai é alertado, numa fantástica cena genial, por um crocodilo que sai da privada, que não deveria ter salvo a vida do filho.

Ao fazer isso, o pai teria contrariado o destino. A narrativa se apoia nessas duas trajetórias em conflito: a do pai arrependido, e a do filho em busca de algo que não sabe exatamente o que pode ser. Poucos filmes conseguem tratar da agonia de existir de maneira tão contundente, alternando cenas de humor com densas questões existenciais.

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