Aprendendo a respeitar
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Antigamente (permita-me essa licença poética), havia dois sexos: o masculino e o feminino. De certa forma, ainda é assim. Em qualquer formulário, aparecem apenas os dois sexos para colocar a cruzinha. Nas compras pela internet, estão lá os dois sexos, e clicamos num deles. Até a internet mantém esta regra binária para o universo da sexualidade.
Mas o mundo mudou. Os tempos são outros. Embora o padrão da matriz biológica seja a heterossexualidade, ninguém mais fecha os olhos para a diversidade sexual que se impõe cada vez mais na mídia e em toda parte.
Algo tem chamado nossa atenção nestes conturbados tempos. Trata-se de um tema intitulado “ideologia de gênero”. Se antigamente havia dois sexos, hoje convivemos com o grupo LGBTQ, uma sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Queer. O que significa “queer”? Trata-se de um termo inglês para designar indivíduos que não se encaixam em nenhuma orientação sexual definida e creem na liberdade de serem exatamente “indefiníveis”.
A chamada “ideologia de gênero” pretende dar força à idéia de que a sexualidade se baseia numa “construção social” e não na origem biológica. Ou seja, o sexo feminino ou masculino não mais corresponderia a um dado biológico, mas estaria construído no âmbito cultural e social.
O que diz a Ciência? Até o momento, a ciência se baseia na estrutura cromossômica para designar o sexo masculino e feminino. Assim, cromossomos XX para mulheres e XY para os homens. Claro, existem características físicas, hormonais e comportamentais diferentes entre homens e mulheres e, pelas diferenças biológicas, também não são iguais psicologicamente.
Esta “ideologia de gênero” tem encontrado forte resistência em muitas denominações religiosas. Mas, não pensem os senhores que as igrejas são obscurantistas ou se portam de forma repressora. A Igreja Católica, por exemplo, tem olhado com profundo interesse para o âmbito da sexualidade humana.
A realidade da homoafetividade ganhou espaço em nossos tempos e há anos a medicina retirou a homossexualidade do índex das “doenças”, das “patologias”. Os profissionais da área da psicologia, psiquiatria e psicanálise acompanham vivamente a questão.
Creio firmemente que o caminho é a prática de uma só palavra: respeito. Até mesmo o santo padre afirmou: “Se um gay procura a Deus, quem sou eu para julgá-lo?”. Temos um papa iluminado, que age pela misericórdia em tudo e com todos. A proposta do amor cristão é acolher. Sem julgar e sem discriminar.
Parece que nos meios religiosos e em muitos outros se começa a entender esta premissa. Que o respeito é a base da convivência humana, dos valores que promovem a justiça, a cidadania e a paz. Hoje, há um pensamento salutar, que se abre à compreensão da pessoa humana, sua dignidade intrínseca, seus deveres e seus direitos, sua plenitude.
Não à intolerância. Podemos não concordar, divergir, pensar diferente, seja o que for, mas devemos respeitar. Respeitar, sempre.