AS MULHERES DA IGREJA

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A1102Nos Evangelhos encontro um Jesus arrojado e quebrador dos padrões de seu tempo, mais especificamente em relação à mulher, assunto sobre o qual faço algumas observações, pois vejo minha Igreja, a Católica tratá-la de modo muito diferente do jeito de Jesus, mesmo sendo maioria nas assembléias; na catequese, nas pastorais, nos cuidados do templo e na preparação do culto.

O que seria da Igreja sem as mulheres? Contudo, mesmo tendo o mundo todo reconhecido sua importância, grosso modo, na Igreja apitam nada. Por que, por exemplo, a Celebração Eucarística tem que estar atrelada a um varão, celibatário e exclusivo, e as mulheres, especialmente irmãs religiosas, são proibidas de presidi-la?

Ora, os Evangelhos apontam uma situação muito mais coerente e avançada que a nossa. Começam que dentre os humanos o primeiro a ser chamado a colaborar pessoalmente com a Encarnação do Verbo foi uma mulher, Maria, mãe de Jesus, que dele cuidou. Quando adulto foi ela que nas Bodas de Caná o empurrou para a vida pública, afinal ao lado de um grande homem sempre há uma grande mulher.

Durante as andanças de Jesus e seus discípulos quem deles cuidava eram mulheres, conforme fala Lucas 8, 1-3: “Os Doze o acompanhavam, assim como algumas mulheres (…): Maria, chamada Madalena, Joana, mulher de Cuza, Susana e vária outras, que os serviam com seus bens”.

Apesar de mulheres que marcaram a história bíblica, a narração dos fatos está sob ótica masculina. Contudo, na narrativa da Paixão elas fazem a diferença. No Horto das Oliveiras, por exemplo, Jesus é tomado pelo pavor, entra em agonia, chora, soa sangue, sente-se só. Procura algum consolo entre os amigos e os encontra dormindo, isso por duas vezes. Na terceira mandou que dormissem à vontade, pois o inimigo já tinha tomado tudo. Acordam debaixo da bota dos soldados. Pedro, todo valente, para honrar a palavra de que jamais trairia o Mestre, arrancou da espada e complica ainda mais as coisas. É Jesus que os defende e não o contrário como deveria ser. Naquela confusão toda, aproveitando-se da escuridão deram no pé. O pavor foi tanto que um deles, enrolado somente com um lençol, quando se viu agarrado livrou-se do mesmo e fugiu pelado. Foi um vexame. Não sobrou um macho sequer.

Na crucificação, cadê a turma? Só João. Já as mulheres estavam ali, algumas próximas outras olhando de longe. Todos os evangelistas reconhecem que elas haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia servindo-o. Entre elas, Madalena, Maria mulher de Clopas, Maria, mãe de Tiago e de José, a mãe dos filhos de Zebedeu, Salomé, Joana e ainda muitas outras que subiram com ele para Jerusalém.

Durante o sepultamento observavam tudo. Compraram aromas e após o sábado, ao nascer do sol, foram ao túmulo a fim de ungir o corpo do Senhor. Porém estava vazio. Ele apareceu para elas. Correram anunciar aos discípulos, que estavam trancados em casa tremendo de medo dos judeus. Nem deram orelha. Conversa de mulheres, disseram. Jesus teve que aparecer-lhes pessoalmente, e um deles levou uma galada por querer botar o dedo nas feridas a fim de crer.

As mulheres, tão valorizadas por Jesus tiveram papel fundamental em toda a história da Revelação. No entanto, vendo nossa Igreja – que se diz dele seguidora – tomada por solteirões, alguns ranzinzas mal resolvidos, celibatários não por vocação como manda o Evangelho, mas por obrigação e conveniência, com a figura feminina, portanto, mal trabalhada em suas vidas, pergunto-me se seria essa a Igreja que Jesus queria.

2 comentários

  1. José Antonio Roncato em 10/04/2013 às 10:06

    Pois é sr. Danelon.

    Em todos os seus artigos em que aborda Religião, mais do que as mensagens que pensa em nos transmitir, o que ressalta é sua desmensurada amargura contra alguém ou alguns que pertencem à Hierarquia Eclesiástica.

    Fica-nos a impressão, ou quase certeza, de que o senhor "sofreu"muito nas mãos de "alguém".

    Por gentileza, PERDOE-OS, a exemplo do Cristo que o senhor insinua seguir em "sua Igreja" que é a mesma de "Dom Pedro", "Dom Paulo", como cita num seu outro Artigo. Falando assim o senhor nos remete aos primórdios da Igreja quando São Paulo criticava àqueles que se diziam pertencer à igreja de "Céfas", de Apolo" etc.

    Por causa dessa necessidade que o senhor tem em falar "picuínhas" dos Sacerdotes o senhor falta com a verdade. Aí erra feio, apesar de ser Assistente Social.

    No artigo acima quis ficar de "bem" com as mulheres? É um direito seu. Porém oque não pode é ensinar errado o EVANGELHO só para se dar dar bem com elas.

    Por acaso no seu "Evangelho" foram retiradas as páginas onde consta que Nicodemos e José de Arimatéia estiveram presentes no Mistério da nossa Redenção? Não foram eles que solicitaram de Pilatos autorização para retirar o corpo de Jesus da Cruz? Não foram eles os primeiros a comprar perfumaria para embalsamar o corpo de Jesus? Não foram eles que providenciaram o Túmulo e o Sepultamento de Jesus? Isso não é prova de um primeiro Discipulado por parte deles?

    A quem o senhor quis enganar? Lembre-se que um dos piores pecados é o da OMISSÃO. E o senhor se omitiu em falar da presença masculina, embora ISSO NÃO SEJA EM NADA RELEVANTE NO SACRIFÍCIO DE JESUS.

    E mesmo que aos pés da Cruz existisse apenas São João Evangelista de homem, já seria mais que suficiente, pois foi na pessoa dele que recebemos o maior dos presentes: Nossa Senhora como Nossa Mãe.

    O senhor tem todo o direito de se expressar sobre assuntos Religiosos. O que não pode é faltar com a verdade só para destilar seu amargor contra os Sacerdotes.

    Então crie coragem e "dê nome aos bois", saindo de cima do muro e não colocando todos os sacerdotes numa vala comum.

    Que o sangue inocente não seja considerado pelo senhor como "Sangue Inútil", como se referiu ao Monsenhor Jamil em outro esdrúxulo artigo.

    Para finalizar e sem querer ofendê-lo acredito que o senhor tenha se espelhado no senhor mesmo ao se referir aos Sacerdotes como "solteirões, alguns ranzinzas mal resolvidos". Infelizmente, é isso que sobra de seus artigos…

    Abraços em Cristo. José Antonio Borsato Roncato.

  2. Antonio Carlos em 22/04/2013 às 10:42

    José Antonio. Agradeço sua atenção em ler meus textos. Mais ainda gastando seu precioso tempo em comentá-los. Sinal que despertaram-lhe algum interesse. Não devo ter sido muito claro em minhas considerações pois parece que o senhor pouco entendeu do que eu queria dizer. Às vezes exagero mesmo. Desculpe-me vou tentar me aprimorar. Contudo se meus textos lhe tiram a paz o o tornam azedo como parece, não leia-os. Não vale a pena estragar seu dia por causa de alguém amargurado como eu. Ou faça o contrário. Apresente sua opinião sem medo. Saber escrever vejo que sabe. Use seus talentos para melhorar nossa Igreja, coisa que até o papa Francisco deseja. Abraços, meus mesmos porque Jesus ama nós dois faz tempo.

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