Atmosfera misteriosa

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Budapest Noir

Cena do filme “Budapest Noir”. (foto: reprodução google)

Expressão francesa que designa um subgênero de filme policial – que teve o seu ápice nos EUA, entre o final dos anos 1930 e a década de 1950 -, o filme “noir” (“negro”) apresenta algumas características marcantes, como o sedutor repórter investigativo, a mulher fatal, a polícia corrupta, a gravidez indesejada e o universo urbano utilizado como personagem.

O filme húngaro “Budapest Noir”, de Éva Gárdos, reúne todas essas características reunidas num clima de antissemitismo anterior à Segunda Guerra Mundial. Nesse universo, o protagonista, o carismático ator Zsigmond Gordon, busca entender o assassinato de uma bela e misteriosa mulher (a “femme fatale”).

O envolvimento de policiais, políticos e empresários na morte mal explicada faz crescer o interesse da narrativa para saber quem é ela, morta no início de uma gravidez. E tudo isso ocorre em uma cidade fotografada em meio a névoas e à escuridão, em que as distâncias entre mocinhos e bandidos são bem reduzidas.

A abertura do filme, que mostra um trem em uma estação, exalando fumaça branca, dá o tom da narrativa. Há mistério e uma sociedade em que muito é sugerido e bem pouco dito. As mulheres misteriosas que surgem nos bordeis são, portanto, a expressão de um universo em que pouco se revela sobre o passado, o que gera um presente confuso e um futuro incerto.

*Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP; mestre em Artes Visuais pela Unesp; graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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