Características da arte popular

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Obra “Paisagem Nordestina”, de Militão dos Santos. (imagem: reprodução Google)

A arte popular brasileira tem uma tradição que precisa ser valorizada. Na “III Trienal de Arte Popular de Bratislava”, em 1972, na então Tchecoslováquia, por exemplo, o Brasil se destacou ganhando o prêmio de melhor representação nacional. Na ocasião, surgiu uma nova tentativa de nomenclatura, porque toda arte popular foi agrupada sob o nome de arte ínsita, do latim insatus, inato. No entanto, o termo naïf superou todos os demais, sendo aceito internacionalmente.

Há até quem diga que os quadros dos naifs se assemelham à pintura de crianças. Mas há diferenças. Para elas, a criação não passa de divertimento, enquanto, para os artistas, trata-se de um objetivo de vida em um processo que, muitas vezes, reconstrói paraísos perdidos da infância.

O naif está ligado à inocência e à simplicidade para criar a atmosfera de sua arte, mas é claro que, ao longo do tempo, pode aperfeiçoar sua técnica em termos de composição e uso de cores ou da escolha de temáticas. O risco é que comece a se repetir e a produzir em série, podendo ocorrer a perda da ingenuidade e da espontaneidade imaginativa.

O interessante da pintura naif é que se trata de um estilo que não se aprende. Ele nasce com quem o executa. Cada artista tem um estilo próprio que nos obriga a nos conectar com nosso interior. Por isso, as imagens naïfs podem tanto ser fantasias delirantes, como caricaturas grotescas ou hiper-realistas, em um universo rico e fascinante, justamente por ser diverso.

* Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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