Começar de novo
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Já estamos em 2016, um ano de muitos desafios e de muita coisa pendente, a começar pelo processo de impeachment da presidente Dilma. Teve início no ano passado, sob grande tumulto político, e promete continuar tumultuando este novo ano.
Todo mundo já voltou da praia? Vi na tevê que muitos turistas que vieram passar o Réveillon no Rio vão ficar para o Carnaval. Estão deslumbrados com as praias, com a beleza da cidade e dizem que “Rio é mais bonita cidade do mundo”.
Turistas aproveitam o que existe de melhor, claro, e não conhecem os bastidores de uma cidade onde a saúde está na UTI. Os hospitais públicos do Rio entraram em colapso e só mesmo um milagre dos céus para salvar as pessoas que dependem deles.
Enquanto doentes esperam nas filas e mães dão à luz na calçada, as obras para as Olimpíadas estão aceleradas, apesar dos inúmeros problemas que a cidade irá enfrentar ainda. Porém, cumprindo o calendário, o Carnaval vem aí, os reis e rainhas irão reinar em toda a sua pompa e glória. Não entendemos direito esta cidade, o Rio continua sendo um mistério para mim, todo ano. A chuva leva os barracos, a população passa por situações dificílimas, mas as fantasias luxuosas vestem a penúria e os desfiles acontecem impecáveis, apesar da luta e da dor.
As tragédias que marcaram 2015 ainda estão vivas em nossa memória e é bom que ninguém esqueça o desastre em Mariana, para que as demais barragens do gênero passem por vistorias constantes. Em toda parte, clama-se a misericórdia divina, como o último apelo, a última esperança. Não por acaso, o papa Francisco decretou este “ano da misericórdia”, acenando também para 2017, onde será comemorado o centenário das aparições da Virgem em Fátima.
A cada passagem, vemos os problemas do ano velho transferidos para o ano novo, sem nenhuma cerimônia. Não há necessidade de “posse”, pois eles vêm de graça como herança de um estado de coisas quase surrealista. Para muitos, ano novo é um marco histórico em suas vidas, tudo será novo de verdade, a casa, o carro, e haverá um novo estilo de vida. Mas para a maioria dos mortais, o ano começa como sempre começou, na rotina anual do trabalho, dos estudos, da lida diária que não pode esperar.
A cada ano novo, faço uma prece especial para o nosso mundo, para o planeta que habitamos, pois ele tem nos suportado com nosso desleixo e descaso. Recentemente, li sobre um planeta, ou astro, ou corpo celeste chamado “Nibiru”, quatro vezes maior que Júpiter. Ele está retornando agora, em sua órbita elíptica, e consta que poderá esbarrar na nossa velha e boa Terra. Vamos rezar?
Há muitos e muitos anos eu costumava fazer um poema para todo ano novo. Aos poucos, fui perdendo o hábito e hoje procuro pela poesia que enfeitava os ânimos. Mas ainda corro atrás dela, não quero perdê-la de vista por nada neste mundo!
E que 2016 seja a nossa vida cotidiana, seja recomeço ou continuidade, projetos novos ou o de sempre, mas que seja diferente de alguma forma. Que nos traga uma luz nova, um jeito novo de olhar a vida, uma nova visão do amor!…