ContraPonto: Abafa, contém, controla
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Abafa os escândalos de desvios e de corrupção; contém os que nas ruas e na sociedade são contrários ao seu governo, à sua política e às suas práticas antidemocráticas: antiliberdade, antifraternidade e anti-igualdade (embora travestidos de outras coisas); e controla a opinião pública respaldado por mídia cúmplice, usufrutuária, desfrutadora e de visão tacanha. Tal é o Estado repressor do mundo de hoje. O neoEstado repressor. Carecem sempre do apoio irrestrito e reacionário das grandes fortunas e dos aspirantes a elas; dos grandes especuladores financeiros e das elites empresariais, e dos aspirantes as eles; das elites políticas e financeiras e dos aspirantes a elas; e de uma burguesia incoerente, mesquinha, aproveitadora e voltada só para si.
Desgraçadamente, para sua sobrevivência, o neoEstado repressor ainda tem que contar com uma educação voltada para a alienação, para a cultura do egoísmo, da propriedade e do ter. E, pior, tem de ter a imprensa e o judiciário no bolso; e a sociedade, ou parte dela travestida de maioria, como avalista. É assim que prospera um governo repressor, baseado ou não na existência do Estado repressor.
Práticas controladoras e abafadoras não são de hoje na sociedade humana. Há imensa necessidade de disciplinar os diferentes e reprimir as diferenças. A ideia da solidariedade é substituída pelos ideais da meritocracia como se todos nascessem sob as mesmas condições financeiras, físicas, fisiológicas e ambientais, por mais humildes ou abastados que fossem os indivíduos. Ignora-se que muitos dão a arrancada para a vida com uma Ferrari, e outros a pé; uns tiveram nutrientes necessários e suficientes para o pleno desenvolvimento cerebral; outros apenas amargaram deficiências nutricionais ou quase total ausência de alimento.
As autoridades repressoras vendem a falsa ideia de que são os garantidores da vida e com suas falsas doutrinas agem como se fossem pastores sociais dos homens. Para elas, entretanto a demanda dos excluídos é surda.
O neoEstado repressor tem plena consciência dos processos mentais de percepção, memória e juízo da sociedade e , portanto, domina as técnicas de atuar e influenciar a mente do cidadão comum e deixá-lo ligado (ou desligado, anestesiado, embotado, quando for do interesse), o que se faz pelo medo e pela esperança. A saber que a sociedade se mobiliza pelo medo, é preciso que cada vez mais os indivíduos sejam centrados em si mesmos e cruéis; e que se mantenham numa clausura moral, indiferentes ao alargamento da mentalidade. A pluralidade é resolvida com repressão, preconceito e ódio. Cultiva na sociedade o desejo de punição ao que é visto como obstáculo. (É quando se manifesta o ódio).
O neoEstado repressor também abusa da demagogia e da hipocrisia ao tratar dos temas racismo e diversidade de gênero, que não terminam quando se os criminalizam. (É algo arraigado e é na escola que começa). Ele passa a imagem de combater os mecanismos de corrupção e corruptos, mas somente dos seus adversários e inimigos políticos. Vendem sempre um artificial otimismo; inundam a mídia de propaganda. O mundo parece estar assim. Que raça de gente!
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Pamonhas, pamonhas, pamonhas
Vaias, vaias e vaias. Onde está Temer, há vaias, em que pese todo o esforço e o aparato para abafá-las; principalmente pelos meios de comunicação que vociferaram o Fora Dilma e manipularam a opinião pública. O presidente traidor defende congelar por 20 anos gastos públicos como saúde e educação, e uma grande reforma trabalhista e previdenciária onde, por exemplo, seria alterada a idade da aposentadoria para homens e mulheres (mulheres só se aposentariam a partir dos 65 anos). Alguém votou, em 2014, nessas propostas? Não é um golpe no povo enfiar-lhe goela abaixo tais propostas e outras políticas que não foram defendidas nas eleições, e, portanto, sem respaldo da sociedade?
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Joaquim Barbosa
Após a aprovação do impeachment, o ex-ministro do STF escreveu no Twitter que o processo era “tabajara” e que Temer “engana-se” em acreditar piamente que terá o respeito e a estima dos brasileiros.
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Frase de hoje: “A pressão social manipula a mente do indivíduo desde o nascimento”.(Jean-Jacques Rousseau 1712-1778)
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NOTA: Em diversos pontos do País foram realizados movimentos de protestos Fora Temer, inclusive em Piracicaba. Em muitos deles houve depredação de patrimônio e da bandeira nacional. Houve reação dos contrários às manifestações, a usar dos fatos para desqualificar os movimentos. Acontece que, filme antigo, os infiltrados agem empunhando bandeiras e vestindo camisetas desses movimentos e partidos presentes nos protestos para dar legitimidade à farsa e com fins de produção de material de propaganda de desmoralização deles, e também como provas para justificar a repressão. Pode haver exceções, claro, mas a lógica é essa. É preciso, sim, respeito aos símbolos nacionais como a nossa bandeira, mas é muito estranho que aqueles que reagem “estarrecidos” contra a depredação da bandeira calem-se quando se rasga a bandeira da democracia e da nossa Constituição; que se omitam quando se rasga a bandeira da liberdade-fraternidade-igualdade.