ContraPonto: O Império do Próprio Umbigo

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Mr. Trump- Yellow Tie

Para os que acreditam que o final dos tempos está chegando – ou até já tenha chegado-,  a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos da América é a mais completa confirmação. A declaração bíblica, em tom de profecia, de que nesse “Final dos Tempos” o amor esfriaria (com o consequente aumento do egoísmo), irmãos se debelariam contra irmãos, falsos profetas emergiriam e que líderes  antiCristo se manifestariam e enganariam a muitos parecem mais que cumpridas, materializadas.

As campanhas de ódio contra minorias, negros, latinos (incluindo brasileiros), muçulmanos e imigrantes ganham contornos cada vez mais claros e totalmente personificados em Trump. Nesse repertório reacionário-fascista, ai daquele que pregue ajuda aos de condição mais humilde: são caluniados, difamados e perseguidos.

O início da onda, entretanto, não começou com ele [Trump]: a Alemanha com os movimentos neonazistas, a França com  o retorno do conservadorismo e da intolerância, a Itália de Berlusconi triunfante foram os precursores; depois ressurgiram os movimentos conservadores, reacionários e de extrema direita espalhados por países pelo planeta afora. O Brasil, completamente inserido no contexto juntamente com a Argentina e a oposição venezuelana vem a marcar presença na “onda”. Finalmente, a saída do Reino Unido da União Europeia por questões humanitárias, ou melhor pela falta delas sela o caixão. Todos eventos a apontar a direção do caminhar das sociedades nos diversos continentes do  nosso planeta, a culminar  com a eleição do presidente do mais poderoso – econômica e militarmente –  país da Terra. Esses movimentos todos têm como características comuns irem contra tudo o que foi pregado pelos grandes seres que passaram por aqui- principalmente por Jesus, o Cristo, o maior deles-, com mensagens de amor e direcionamentos para a evolução do Homem.

Retorna a mesquinhez e o egoísmo com muito mais força; cada um pensando somente em si e, portanto, a eleger aqueles que prometem garantir e conservar o estado de coisas do qual são usufrutuários. Estamos na Era de cada um a viver olhando para o seu próprio umbigo. Dane-se o outro; nem aí com o próximo-individual ou coletivamente.

Um discurso com ares de preocupação

Em seu discurso da vitória, Trump – com ar visivelmente preocupado – destacou a necessidade da união dos americanos divididos pelas eleições. Divisão que ele mesmo semeou com seu discurso de ódio e intolerância. (Tudo  muito parecido  com o discurso de Temer e seus sequazes após o golpe parlamentar recente). Elogiou Hillary Clinton e pediu apoio daqueles que não votaram nele. Uma aula de demagogia ao estilo Aécio Neves e João Dória- este seu pupilo e seguidor. Quem assistiu à sua fala se segurou para não chorar de emoção e não hesitou em passar a admirar o mestre da pregação racista e do ódio; exceto os mais céticos e atentos, claro. Dá para imaginar essa retórica toda e a tática utilizada sendo replicada incessantemente pela mídia e repercutida pelos comentaristas políticos de aluguel cujos efeitos na cabeça das pessoas são avassaladores. Trump e seus marqueteiros parecem saber jogar com a imbecilidade e ingenuidade dessas massas humanas. Nem aí que sejam americanos.

E a expressão de preocupação do novo presidente americano? Ora, deve ser em relação às questões relacionadas à sua  não declaração de imposto de renda por anos a fio; a seu enriquecimento com jogos e cassinos em Las Vegas, a capital mundial da lavagem de dinheiro. É que agora, como presidente, a coisa vai pegar e os americanos não deixarão barato essas questões cujas atenções foram desviadas por um vazamento de informação fundamental para a definição das eleições: o chefe do FBI (a Polícia Federal americana) vazou dados de investigações sobre e-mails da candidata Hillary. Bem às vésperas das eleições; e que parece ter decidido o resultado.

No Brasil, há opiniões generalizadas de que o juiz Sérgio Moro poderia ter sido plagiado em seus métodos (vide noticiários sobre vazamentos e prisões aparentemente desnecessárias às vésperas de votações e eleições que tanto prejudicaram o Partido dos Trabalhadores). Tese que pode ir por água abaixo caso tenha razão a filósofa e professora de da USP Marilena Chauí ao afirmar que Moro fora treinado pelo FBI. Se for verdade, então seria o inverso: Moro aplicara tática do FBI. Se confirmado um dia, poderá se dizer que os Estados Unidos- pode-se especular-, tem o  Moro deles decidindo eleições. Especulações à parte, ressalva-se que lá há severas punições para esse tipo de conduta. É aguardar para ver.

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O rádio emudecido

Piracicaba está mais pobre em termos de rádio no seu velho e bom estilo. Dario Correa (80) e Domingos Garcia (81) nos deixam e também deixam muitas saudades. Dario, o mais antigo radialista de Piracicaba em atividade,  com mais de quarenta anos de Rádio Educadora (antes iniciara  na voz Agrícola do Brasil em 1968, e ainda teve breve passagem pela difusora) consagrou programas como “Noites no México”, “Eu, Você e a Música”  e “Chapéu de Palha”, que conquistaram ouvintes de várias gerações na emissora; teve, ainda,  bons momentos na equipe de esportes criada no ano de 1983. Sempre muito polido, Dario era homem do bem e verdadeiramente do rádio. Foi relações públicas da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Só dá para se  lembrar dele fazendo amigos. Era gentil e prestativo com todos. Garcia, mestre da comunicação sertaneja das madrugadas-manhãs da Rádio Difusora era um comunicador querido; enriquecia qualquer programação. Em 1984 o levamos para a Educadora. Sua única exigência: levar consigo o seu sonoplasta Fumaça, falecido ano passado, que além da sonoplastia do programa do Garcia ganhou um horário só seu, estreando como apresentador, diariamente às 23 h na emissora da rua Boa Morte. Garcia não era chegado aos “breganejos” e “sertanojos”; tampouco em sertanejo universitário, invenção para aqueles que não conseguiram sucesso na música Pop e se abrigaram no “Pop-nejo”. Em seus programas diários, o “Rancho do Garcia”, podia-se ouvir a autêntica música sertaneja. A sua famosa vinheta “fala a hora, Garcia” agora vai acordar anjos no Céu.

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Frase de hoje: “No final dos Tempos, falsos líderes no mundo todo enganarão a muitos”. (Bíblia Sagrada-Livro das Revelações)

 

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