Fala sério!
Os textos de diferentes autores publicados nesta seção não traduzem, necessariamente, a opinião do site. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
ENFIM, 2015!
Sinceramente, pensei que o ano só fosse terminar na Páscoa. Dois mil e quatorze foi cheio de novidades, mas, apesar disso, o tempo demorou a passar. Começamos com as férias em janeiro, o Carnaval, a expectativa da Copa do Mundo e as eleições. Todo mundo estava preocupado com a bola que ia rolar, e ela acabou mesmo sendo a protagonista do ano. Ganhou os campos, foi tema de discussões acaloradas entre uma e outra cerveja e, no período eleitoral, saiu dos gramados para ser tema de denúncia – a bola do Metrô, da Petrobrás, das empreiteiras.
Os cavalheiros do apocalipse começaram a criticar tudo. A Copa vai ser uma porcaria, o país não tem estrutura, os estádios não ficarão prontos, ninguém vai conseguir voar, os aeroportos estarão abarrotados e outras desconfianças. Finalmente, a Copa chegou e até o Corinthians ganhou um estádio – graças ao padrinho e torcedor Lula.
No dia da abertura da Copa, os convidados e quem pode pagar uma fortuna pelo ingresso nos camarotes começaram a vaiar a presidente Dilma. A mídia e parte da opinião pública se apressaram em dizer que a manifestação era popular, muito embora o povo estivesse em casa, nos bares ou na casa de amigos fazendo churrasco entre uma e outra fase em que a desacreditada seleção brasileira passava por milagre ou sorte.
E a Copa prosseguiu, quase sem problemas – o time é que não emplacava. Foi o maior sucesso até o Brasil se encontrar com a Alemanha. Quem imaginaria que os germânicos, considerados frios e racionais, chegariam à Bahia por Porto Seguro, conquistariam nosso povo e, no final, ganhariam o Tetra e a simpatia do povo brasileiro. Nem os portugueses, que seduziram nossos índios com presentinhos e quinquilharias, foram tão eficientes.
A Copa acabou, mas logo a eleição tomou as manchetes. As baterias se voltaram contra o PT e seus candidatos e, novamente, a ladainha recomeçou. O país está em crise, a roubalheira é geral, vamos afundar, se Dilma ganhar deixaremos o país e mudaremos definitivamente para o exterior. A eleição acabou e Dilma venceu. E nem mesmo o Lobão, o grande opositor deste governo, comprou uma passagem só de ida para os Estados Unidos, agora, amigo de Cuba.
Dilma toma posse amanhã com o Brasil ainda em pé e o petróleo ainda sendo nosso, muito embora a Petrobrás esteja envolvida em barris e mais barris de lama – uma sujeira tão antiga quanto a própria empresa.
Desejamos que os corruptos sejam colocados na cadeia e que a punição seja estendida a todos os partidos e políticos corruptos. Mas isto só vai ocorrer com a efetiva participação de todos nós. Não adianta eleger sempre os mesmos nomes impostos pelos partidos e ficar, depois, reclamando da bandidagem. Precisamos de pessoas honestas, mas para isso é necessário uma reforma política séria e verdadeira. Este deve ser o grande tema da pauta do Congresso neste ano que se inicia. Vamos sair às ruas para reivindicar e aprimorar nosso sistema democrático e não para pedir intervenção militar. FALA SÉRIO!
Um feliz Ano Novo a todos, com sangue nos olhos para a mudança. Na semana que vem voltaremos com as notas políticas porque 2015 será pontuado por fatos e emoções. E 2016 promete ser ainda mais animado em função das eleições para prefeito e vereador. Mas aí é outra história.
Fala Sério! é publicada toda quarta-feira no jornal Tribuna Piracicaba e no site da Tribuna e de A Província. Também pode ser acessada pelo Facebook: falaseriodjalmalima