Fé e coragem
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Ouve-se dizer que, em determinadas situações, temos de ir com a cara e a coragem. Não é raro acontecer de faltar as duas, a cara e a coragem. Cada um sabe como foi enfrentar um momento difícil, tentando reunir forças para suportar. Só Deus sabe!
Ao me deparar com algo penoso, ou em situações de contenda, vou com a fé e a coragem. Engulo em seco, conto até dez, olho em volta, tento me controlar e ser educada até a página 12. Quando não dá mais, é soltar os cachorros de leve e esperar a próxima cena.
Contudo, aposto sempre na conciliação, no diálogo, embora existam pessoas refratárias a ele e com grandes dificuldades de comunicação. Na filosofia da paz e do bem, são merecedores do nosso respeito e da nossa oração diária.
A Palavra diz que devemos amar os nossos inimigos e rezar pelos que nos perseguem. Ah, isso não é nada fácil. Sempre fui pessoa profundamente religiosa. O exemplo veio dos meus pais, vendo-os rezar o rosário de joelhos, olhando para as imagens dos Sagrados Corações de Jesus e Maria.
Ficava ali, ao lado deles rezando também. Depois, a primeira comunhão, a Eucaristia recebida com a alma em chamas, achando que um anjo viria segurar a minha mão. Fui também Cruzadinha de Jesus. Ó, quanto rezamos o terço conduzido pela irmã Gema! Pertenci à Juventude Franciscana. Saudades de frei Saul, dona Emilinha e dona Orlandina, nossos amados mestres! A Ordem Terceira e a espiritualidade franciscana me guiaram pela vida afora.
De todo este ideal voltado para a humildade, o serviço e a caridade, ficaram algumas importantes lições de vida. Em cada enfrentamento, em toda situação, São Francisco surge em minha frente, com seu hábito marrom, sua doçura e sua beleza. Sim, mestre amado! Pedir ao Senhor para sermos instrumentos de paz!
Quero repetir aqui os versos da linda oração franciscana: “Onde houver ódio que eu leve o amor. Onde houver ofensa que eu leve o perdão. Onde houver discórdia que eu leve a união. Onde houver dúvidas que eu leve a fé. Onde houver erro que eu leve a verdade. Onde houver desespero que eu leve a esperança. Onde houver tristeza que eu leve a alegria. Onde houver trevas que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna”.
Viver este evangelho franciscano significa fé e coragem. É ter a plena convicção de que apenas o amor pode salvar este mundo. O amor que perdoa, dissipa as trevas, rompe com a tristeza, triunfa na esperança, faz brilhar a verdade, traz alegria e luz! O mundo seria melhor, mais justo e mais humano se nos espelhássemos no exemplo de Francisco de Assis, esse homem revolucionário.
“Simples como as pombas e prudentes como as serpentes”, diz a Palavra. Com fé e coragem, vamos longe. Não há limites para o coração que se dispôs a amar, a seguir o Mestre e ser instrumento de paz.