A força da fé
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É maravilhoso pensar no auxílio divino e na maneira como o Senhor nos dá o livramento. Quando chegamos ao limite do insuportável, Ele vem e nos salva, levanta-nos com Sua mão poderosa. Se nossa dor é moral ou espiritual, liberta-nos de alguma forma, transformando uma situação aparentemente incontornável. Quando estamos sofrendo de modo sobre-humano, não mais resistindo às limitações físicas e ao sofrimento da carne, o Senhor nos dá o alívio da morte.
Não há mal que perdure na vida dos que temem a Deus e confiam n’Ele. Rezo incessantemente e renovo de minuto em minuto minha confiança filial. Só o Senhor restaura os caminhos dos fracos, dos desesperados e dos sem fé. O Senhor dá a vez a todos. Penso na multidão de pobres e famintos, no sentido material e espiritual, prostrados no sofrimento e na penúria. Com um mínimo pensamento de amor, o Senhor os elevaria e os cobriria com Seus favores.
Creio firmemente no poder restaurador de Deus e na Sua infinita bondade. Ele não pode fazer desaparecer os problemas terrenos, pois seria o mesmo que nos privar da vida que Ele mesmo no-la deu. Não dorme quem guarda Israel e o Altíssimo vem em nosso auxílio para a solução do que nos parece irremediavelmente perdido. O Senhor vela sobre os simples e socorre o justo, diz a Palavra.
Já fui mais requintada, reconheço, mas hoje busco a simplicidade e o despojamento. Aprendi a tomar da vida apenas a parte que me cabe e que me é necessária. Não há luxo que me seduza, nem vaidade que me contemple. Conheci a beleza da austeridade sem ser exatamente pobre. O voto de pobreza constitui matéria divina, dos consagrados ao Senhor. Mas, se alguém que vive no mundo deseja fazer este voto, tenha a consciência do próprio gesto. E o Senhor estará atento a cada palavra.
Agradeço a Deus pelos livramentos. Por estas ataduras suaves que Ele põe sobre nossas feridas, a cada dia. Com o Seu santo beijo, sopra nelas com carinho paternal e sinto o sopro a refrescar minha alma peregrina. Embora vivendo o espírito secular do mundo, peço que me ajude a ter um coração humilde, pequenino, capaz de me interessar pelos que peregrinam comigo, pela dor dos que estão à minha volta, partilhando com eles o meu afeto, os meus bens e a minha amizade.
O Senhor será o pagador do nosso salário, a paga da vida. A saliva da nossa boca, o sal da nossa comida, o suor do nosso rosto, a vestimenta, o sapato, o copo d’água, o peixe, a verdura e o nosso pão. As nossas intenções, as atitudes de amor e de compaixão, o perfume do corpo e da alma.
Confesso já ter andado pela “noite escura”, da qual retornei mais forte. Aprendi a lançar ao céu um eterno louvor de gratidão e a desenvolver o dom da paciência, porque os seus frutos são doces. Minha alma se esparrama além de mim, cantando salmos. Que a bênção destes louvores ecoe pelos ares. Neste Advento de graça, guardo no peito a paz da consolação. Na força da fé.