Leonardo da Vinci – o vulcão cerebral

Os textos de diferentes autores publicados nesta seção não traduzem, necessariamente, a opinião do site. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

Leonardo da Vinci

Foto: Reprodução Google

O legado manuscrito de Leonardo da Vinci, após sua morte foi guardado por seu aluno – Francesco Melzi, entretanto sem ordená-los, foi dispersado e por pouco perdido na história da humanidade. A partir do século XVI e até a década de 1880, envidaram esforços para reunir os trabalhos de Da Vinci que passou a ser reconhecido como cientista, tecnólogo e pintor de forma inconteste.

Para realizar seus trabalhos, em qualquer área, demonstrava indolência e procrastinação. Ao conceber suas obras, se utilizava do “sensus communis”, ou seja, da percepção que se ligava aos cinco sentidos; mas principalmente pelo sentido da visão. Para ele, os olhos são a janela da alma e, por ele podemos ver a perfeição do mundo.

Talvez desta percepção, possamos vislumbrar o encantamento no qual ele se envolvia para descobrir todas as coisas que, muito antes de existirem, passaram pela percepção de Leonardo, sendo registrada nos seus cadernos de notas e escritos particulares.

Por não ter tido uma educação formal, teve a liberdade para observar as coisas do mundo, se utilizando da experimentação e das experiências; nestas condições sua mente se desenvolveu. Chegou a assinar: “Leonardo da Vinci, disscepolo dela sperentia”. Definir sua inteligência ímpar, é algo que jamais poderá ser delimitado, ele não tinha limites. Historicamente, o que se sabe é que ele exercia de maneira tempestiva toda sua fantasia, escrevendo ou desenhando furiosamente no papel; suas ideias e imagens não tinha censores, tudo era instantâneo, feito de forma acidental, demonstrando um vulcão cerebral.

Ele escrevia da direita para a esquerda, sendo considerado por muito tempo uma escrita secreta; que só poderia ser lida se tivesse um espelho, algo que não era, até porque se consegue ler este tipo de escrita sem ter um espelho. A escrita espelhada era usada por ele ser canhoto e não querer sujar seus cadernos, esta forma era, inclusive, ensinada e descrita num livro de caligrafia do século XV. Esta simples atitude demonstrava que, apesar de sua espontaneidade, se equilibrava pelo conhecimento fornecido pelos inúmeros livros no quais estudava e pesquisava.

O artista Leonardo demonstrou ter uma consciência sem precedentes, apesar das poucas obras artísticas, trabalhou de forma hábil e fez de suas produções artísticas uma narrativa que todo espectador pudesse sentir um confronto e conforto da mesma forma com que o protagonista havia sido representado. Unindo ambos – a obra e o espectador – numa experiência única, numa tensão psicológica na qual os sentidos humanos são encaixados, proporcionando nesta relação uma empatia.

Leonardo da Vinci, foi uma pessoa especial, e da mesma forma com que criava suas produções artísticas fazia suas invenções. Tinha dificuldades para terminar seus trabalhos por seu gênio indomável e incansável, mal iniciava um projeto e já se debruçava em algo novo e inusitado. Mesmo assim era respeitado por muitos, e seu espólio artístico já era considerado com valores de raridade.

De todas as suas obras Monalisa é a mais conhecida e mais estudada. Seu olhar estrábico e sem paralelismo e o sorriso emblemático, parece que sempre está nos questionando, sobre a nossa incipiente vida, que deixamos de sermos protagonistas, deixamos de ser curiosos e, portanto, inventivos; perdemos a habilidade de nos maravilhar com as pequenas coisas, não fantasiamos mais sobre as coisas do mundo.

Leonardo nos deixa um legado maior do que toda a simbologia estética e cientifica contida neste quadro. Penso, que Da Vinci, deixou uma mapa a ser redescoberto; homem inteligente e criativo, soube utilizar sua inteligência junto à sua imaginação. Ele ousou, ele criou e foi extremamente humano na simplicidade de utilizar seus sentidos e dizer de forma carinhosa, no sorriso de Monalisa, que todos nós, sem exceção, podemos aproveitar todos os instantes de nossa vida, o mesmo que ele fez em sua própria vida.

Deixe uma resposta