Limites entre ficção e realidade

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Foto: Reprodução Google

Há filmes que podem não ser inesquecíveis ou modelos de perfeição, mas que trazem elementos que auxiliam a pensar importantes questões da sociedade contemporânea. Um deles é ‘15h17: Trem para Paris’. A obra não agradou a críticos nem conquistou expressivas bilheterias, mas comporta elementos importantes para reflexão.

A história mostra como três norte-americanos em férias na Europa evitaram um atentado terrorista na mencionada viagem de trem. A primeira surpresa é que não foram escalados para o filme atores, mas são aqueles que protagonizaram as ações descritas a vida real que estão na tela.

A decisão do experiente diretor Clint Eastwood que despertou polêmica. Afinal, interpretar a si mesmo constitui um exercício bastante estranho e de eficiência bastante questionável em termos dramatúrgicos, até pelo filme ser uma obra de ficção, não de um documentário. O que parece importante discutir é qual é a relevância dessa proposta, ou seja, por que ela poderia funcionar melhor do que lidar com atores profissionais.

Há mais dois aspectos que podem ser discutidos. A falta de maturidade das mães para lidar com a informação de que seus filhos podem sofrer de TDA (Transtorno de Déficit de Atenção) e o questionamento da rigidez dos testes utilizados pelo exército para avaliar o padrão de seus alunos.

A obra como um todo, apesar de não se aprofundar nas questões apontadas, conta como pessoas aparentemente comuns, e que não possuem habilidades especiais que sejam valorizadas pela sociedade, podem desempenhar papeis importantes em diversas situações. Esse é um dos ideais dos EUA a serem centro de nossas atenções: a capacidade de todo indivíduo superar adversidades. Levado ao exagero, como tudo, é um risco de deturpação daquilo que consideramos realidade. Visto como elemento motivador, tem seus méritos.

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