“Menos informados”

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Segundo o articulista Luiz Fernando Vianna da Folha de São Paulo (17.10.14): “O senador mineiro é branco, conquistador, bem educado, rico de berço, nunca trabalhou (a não ser em política), está no topo das sociedades rural (sua família é dona de fazendas) e urbana (frequenta as praias, boates e restaurantes da zona sul carioca). Representa o cume da pirâmide econômica e cultural brasileira, o ponto para onde boa parte da classe média olha com admiração e inveja. Sob um talvez sincero discurso de mudança, Aécio oculta um de restauração quase monárquica, de devolução do poder aos senhores de sempre. Muda-se para não mudar”. Se Dilma desce e Aécio sobe a Bolsa de Valores sobe também. O dinheiro investido na Bolsa poderia ser aplicado em projetos desenvolvimentistas, porém vai para especulação. Posso concluir que dos ricos é o candidato Aécio. Tanto que segundo Fernando Henrique Cardoso: “Não é porque são pobres que apóiam o PT, é porque são menos informados”.  Grosso modo falando, existe pobre bem informado se nem jornal consegue comprar regularmente? Ora, não são os ‘bem informados’ que abrem estradas, erguem casas, plantam comida, fazem tijolos, habitam inóspitos alojamentos, morrem nas minas, passam meses longe de casa transportando produtos.  Um governo bom para eles – assim como para pobres, pequenos empreendedores, idosos, crianças, adolescentes, deficientes, etc. – será bom para todo mundo. E é nele que voto. “Tive a felicidade de ir ao Nordeste. É outro país. Falei com um taxista orgulhoso de ver os filhos estudando e dessa coisa bonita de inserção social que vivemos”. (César Charlone, fotógrafo de cinema. Folha 12.10.14).

Por falar em eleição, na passada, aqui em Piracicaba, uma mulher de 62 anos quebrou a mão após escorregar em santinhos. Terá que fazer cirurgia e colocar pinos no braço. O deputado mais votado na nossa região disse ter sentido vergonha ao ver tanto material pelo chão. Acontece que a cara dele se destacava. Teve político que não fez dobradinha com o diabo porque não era candidato. A história se repete: nem sempre ganha o melhor, mas quem gasta mais. Gasta mais quem  mais recebe. E quem financia campanhas não são pequenos, mas grandes empresários, cujos interesses todo mundo sabe. No dia sete de setembro passado 7,8 milhões de brasileiros votaram a favor da reforma política, justamente para acabar com  políticos de carreira. Desses que procuram ficar bem com todo mundo; ajudam pessoas visando votos; fazem campanha durante o mandato inteiro; emendam o orçamento para favorecer sua base e se aliam a governantes conforme lhes interessa. Aliás, quem se abaixou para catar em quem votar teve que rebaixar o cérebro e erguer o rabo. Gente desse tipo é pior que político pilantra.

Contudo, bom político também pode errar. Só não pode buscar interesses próprios ou de alguns, porque daí  não é erro, é má intenção. Digo isso porque enquanto no Estado de São Paulo 25 municípios sofrem com desabastecimento de água por falta de planejamento; o racionamento atinge 2,8 milhões em SP; o paulistano estoca água e culpa governo do Estado pela crise, o Jornal de Piracicaba do dia 19 passado diz que “Com  rio Combataí estável, SEMAE descarta racionamento”.  A volúpia do setor econômico, políticos inconsequentes e estiagem sem precedentes fizeram o rio Piracicaba secar. Prevendo tal desastre, João Herrmann Neto, prefeito da cidade de 1977 a 1982, buscou água no Corumbataí – bendito rio às margens do qual deveríamos ajoelhar agradecidos. Tido na época como irresponsável, na minha limitada opinião João Herrmann foi o prefeito mais inteligente, arrojado e sensível que Piracicaba teve. Comprometido com as causas populares, enfrentou coronéis que mandavam na cidade; em plena Ditadura fez de Piracicaba um oásis borbulhante de idéias e de participação; alegre, desafiadora e moleca como seu jovem prefeito. Porém, os coronéis voltaram e para vingar tal ousadia não deixaram mais João governar.

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