Mistérios da criação
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Será que um bom criador precisa viver de alguma maneira as situações que escreve? Essa discussão é um dos elementos motivadores do filme ‘O autor’, filmado em Sevilla, Espanha, por Manuel Martín Cuenca. A cidade é muito mais do que um mero cenário para as reflexões sobre como e por que a criação artística é um mistério.
É um personagem da obra. O protagonista trabalha num cartório, onde não encontra emoções de qualquer espécie, e convive com o sucesso da esposa, escritora de um best-seller. Insatisfeito no emprego e traído pela bem-sucedida mulher, mergulha numa jornada que acredita poder levá-lo para uma produção de literatura de qualidade.
Ao se separar, vai morar num edifício. Ali começa a se envolver com a síndica, um casal de mexicanos imigrantes e um partidário do ditador general Franco – e explora as características de cada um deles (a insatisfação sexual, o desemprego iminente e a paixão pelo xadrez, respectivamente) para escrever o seu romance.
Todo o processo é acompanhado por um professor de escrita criativa com o qual o protagonista tem aulas. E claro que surge aí outra discussão sobre o valor real desse tipo de orientação em arte. Enfim, o filme nos faz meditar, pensar e refletir sobre o que é ato de escrever. Seria, entre outras coisas, dar vazão aquilo que queremos ser e não conseguimos?