Mulheres jovens e jovens Mulheres

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mulher_azul“O corpo é um templo sagrado. A mente, o altar. Então devemos cuidá-los com o maior zelo. Corpo e mente são o reflexo de nossa alma, a forma como nos apresentamos ao mundo e um cartão de visitas para nosso encontro com Deus.” Convido vocês, companheiras de jornada, a uma pequena reflexão. O título é meio ambíguo para um dia que deveria ser somente o do laudatório, aquele que acaricia o ego sem aprofundar a realidade.A experiência e a observação, contudo, para quem já atravessou o tempo e procura situar-se no mundo, mantendo a juventude do espírito, peça fundamental da caminhada, é preciso sempre uma avaliação nos conceitos.

Com 15 ou 16 anos, desabrochando para a vida, com aquele ímpeto, a beleza e a força muito próprios da juventude, trazemos a ousadia, uma certa contestação contra as coisas pré-estabelecidas e um senso crítico aguçado que nos impede, na maioria das vezes, de enxergar nos outros e nos mais próximos os valores que deveriam pautar a conduta, ensinando a errar quanto menos.Esta ousadia é natural, não sendo exagerada, e pode até favorecer a criatividade e a deliciosa autenticidade, hoje bastante ofuscada.Caracterizam-nos uma certa insegurança, inconfessável, um certo desconhecimento de todo o potencial que trazemos, ao lado de um exagerado rigor em torno de pequeninas imperfeições exteriores ou físicas que poderiam ser perfeitamente contornáveis se as substituímos pelos melhores” cosméticos” do mundo que são os da mente ativa e ocupada, e do aprimoramento interior.

Neste tempo, contudo, de tão vertiginosas transformações com o avanço tecnológico, os jovens vêm sofrendo uma perigosa inversão que poderá sim, alterar suas vidas e comprometer o desenvolvimento emocional, o inegável potencial imaginativo e criativo do intelecto de que é naturalmente dotado.Embora reconheça os enormes benefícios dos recursos técnicos que nos levam a viver a realidade no momento em que acontecem, não creio que a Internet, as vantagens dos aplicativos e dos acessos instantâneos, dos celulares à mão nos mais diversos lugares e a qualquer hora,dos iPods, dos instagrams, das informações e contactos via face- books e twitters, sejam assim tão benéficos e indispensáveis.

Mulheres jovens, não me atirem pedras, nem me chamem retrógrada ou jurássica!Até certo ponto podemos fazer uso dos benefícios, sem exagerar na dose! Em tudo a moderação, o limite; não precisamos ser prisioneiros e escravos das redes sociais, do excesso de informações e das notícias, das tolices e futilidades que se travam na comunicação virtual, ao ponto de cairmos no isolamento e no condicionamento. Não podemos prescindir das boas coisas da vida, dos contactos pessoais, da escuta e do “olho no olho”, do interesse pelas artes, pela cultura, pela música e a boa leitura.Nada pode substituir o amor e a amizade que provém do conhecimento do outro; nenhum contacto virtual substitui a contemplação da natureza e da criação e este, a meu ver, é o lado humano e sensível, seriamente ameaçado. Não somos robôs, nem máquinas teleguiadas, somos feitos de coração e sentimentos.

Sem querer e sentir,corremos o risco da instrumentalização e nos tornamos pessoas insípidas, desinteressantes, sem assunto, incapazes de manter uma conversa e o pior,abdicamos da feminilidade, do encanto e da sutileza., da arte da sedução. Baseio-me nisto na observação de meus netos jovens que desejam casar e constituir família. O desencanto sobrevém depressa nos relacionamentos relâmpagos e vazios.O excessivo cuidado com o corpo exterior relegou o principal: o aprimoramento interior.No Brasil, o índice recordista de cirurgias plásticas, aplicações de botox e de silicone é assustador entre as mulheres,indicando uma preocupação , na maioria das vezes desnecessária.

O que se vê, como neste último Carnaval, é uma exibição do nu feminino, dos seios siliconados que mais parecem aberrações e aleijões da natureza, indicando uma triste mediocridade. Os estímulos negativos, provindos especialmente da Mídia, contribuem muito para a exacerbação do ego e a sujeição da mulher à condição de mera peça de consumo. Basta citar apenas o espetáculo execrável e imbecil do BBB.

Por outro lado, quantos exemplos valorosos, infelizmente pouco vistos e obscuros, de jovens mulheres fortes e batalhadoras que não têm idade para lançar-se à luta, empenhando-se e fazendo a diferença! Em casa, na condução da família e na habilidade em coordenar o seu dia a dia de maneira harmoniosa, nos mais diversos caminhos da atividade humana, nos altos e exigentes postos do trabalho superior que requer conhecimento e capacidade, no voluntariado desinteressado, na dedicação integral ao filho especial, no magistério que toca o futuro, nas artes e no amor àquilo que se faz, provando que tudo é possível quando a meta a alcançar está amparada no ideal e na fé.

A mensagem que endereço à Mulher no dia de hoje, enunciada no belo pensamento de Irmã Dulce, pode resumir que a felicidade é um bem que se constrói no dia a dia, num entrelaçamento do antigo e do novo, sobretudo no exercício constante do interesse e do aprimoramento interior, amparados nas lições de Deus!

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