Não é bom

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Casa onde a mulher não tem juízo é barco à deriva. Mas quando se torna dona de si e do próprio destino é dotada de uma espécie de providência feminina, que lhe dá o necessário bom senso para conduzir os seus. Incrível sua capacidade de administrar coisas e conflitos; acalmar corações, compreender o modo de ser e amar cada qual como é.

Observando a vida, custa acreditar que certos tipos de homens consigam encontrar alguma mulher que os compreenda e os ame. E não é que encontram! E acabam sendo amados por elas de verdade, mesmo tendo que perdoar e recomeçar diversas vezes. Dráuzio Varella afirma que presídios masculinos ficam cheios de mães, esposas, filhas, avós em dias de visita; enquanto os femininos ficam às moscas.  O mesmo acontece nos hospitais.

Mãe em casa significa barco que tem barqueiro. Em questão de minutos ela consegue botar ordem naquilo que o homem nem saberia por onde começar. Conhece pelo semblante quem está preocupado, alegre ou triste. Numa casa sem mãe come-se de menos ou demais; ninguém é bem servido e nem tem reunião volta à mesa. É cada um pra si e Deus pra ninguém. O carinho é escasso, a solidão é grande. Todo mundo dorme sujo, usa roupa encardida, não é cuidado e nem toma o remédio receitado. Numa casa onde não existe mulher não há motivo para voltar, porque não há ninguém que acolha. Triste deve ser para a criança chegar não encontrar colo. Pesquisa feita na Universidade de Washington da conta que “Amor de mãe faz cérebro do filho se desenvolver mais”. (Folha de São Paulo 28.04.16).

“Não é bom que o homem esteja só”, fala o Livro do Gênesis. O homem nunca será completo sem um coração que o ensine a amar; sem ouvidos que ouçam suas angustias; sem braços que acolham e sem alguém que lhe mostre a chave que abre as portas do seu próprio ser. Sem a mulher o homem não passa de um andarilho errante, dorme onde a noite o apanha. Para ganhar um coração feminino basta ser galante; porém para morar em sua alma é preciso ser fidalgo.

Você que tem sua mãe ou sua companheira em casa seja agradecido. Não tem preço a roupa limpa, bem passada e cheirosa; a comida fumegante feita com o carinho de mãos sagradas; o bolo de fubá na assadeira, o vidro cheiro de doces sobre a mesa, a penca de bananas na fruteira, o cheiro de café fresco e as flores na janela; as crianças contentes e protegidas; ser chamado pelo nome e ter um ombro para se encostar. Tem coisa melhor? Não sei de onde veio esse ser que cuida tanto e exige tão pouca retribuição.

DIA DAS MÃES. É bom que exista esse dia para se refletir sua importância. Flores e presentes não bastam para aliviar a opressão em que vive a maioria delas, mas ainda mães negras; mães domésticas, operárias, sozinhas, idosas, cozinheiras de restaurantes onde abastados gastam numa noite o que elas ganham num mês; camareiras de hotel cinco estrelas que nem casas têm e todas as mães obrigadas a deixar os filhos em qualquer canto para buscar sustento, inclusive nesse seu dia. Em vez das hipócritas homenagens os patrões deveriam dar-lhes folga. “Para as mulheres, a vida não é apenas trabalho, salário e promoções…” (Susan Pinker, psicóloga).

Meus parabéns a todas as mães que constroem essa nação. Mais ainda àquelas que, mesmo passando alguma necessidade não abrem mão de primeiro construir as pessoas que gerou. “Não podemos amar outra pessoa como outra pessoa se não tivermos amor suficiente por nós mesmos, um amor que aprendemos sendo amados na infância… de nossa mãe suportamos tudo menos o abandono” (Judith Viorst, psicanalista norteamericana).

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