Nove meses
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Amanhece mais um dia d’um mês
Dentre tantos que o luto inda venera
Dentre às frágeis paredes de tapera
Se desfaz um leito que não se fez.
Já de tarde a antiga dor se refez
Me vi envolvido na falsa quimera
Tal vestida em tocaia de pantera
Guardando teu coração regra-três.
Sinto um profundo pesar desta brida
Por ti escancarada uma ferida;
Nove vidas malvindas em tua mão.
Nove meses, novis fora… – Perdida,
A lágrima de choro – ou despedida –
Virou mágoa, saudade e solidão.