Pandemia: desafio enfrentado pelos museus

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N2 – Museu Prudente de Moraes – fachada

Museu Prudente de Moraes, em Piracicaba – que já contou com a direção e coordenação da historiadora Renata Gava.

A pandemia do Coronavírus trouxe mudanças socioculturais e econômicas significativas, tanto na esfera pública, quanto na privada. Mudou nosso modo de trabalho, de lazer e de viver, transformou nosso meio de interação e inter-relação, além dos quesitos sanitários. A imersão digital e conexão virtual tornam-se uma nova realidade.

Pensar essa nova vivência para a área da cultura, especificamente para os museus, é ressignificar e readaptar padrões – até então predefinidos -, com novas necessidades; agora, imprescindíveis.

Para a reabertura dos museus, os cuidados essenciais como limpeza constante dos ambientes e maior controle de acesso do público deverão ser redobrados. Ademais, a adaptação arquitetônica – considerando a circulação de ar nos espaços internos – e os espaços expositivos deverão ser repensados visando manter uma distância ideal entre visitantes, priorizar a circulação do público em direção única e aumentar a atenção na parte de comunicação visual para que se oriente o fluxo em seus espaços internos. E, sem deixar de desempenhar seu papel de aprendizado, convivência e difusão cultural, esses espaços deverão expandir suas ações com propostas de interações virtuais.

Considerando essa nova realidade – fazer e pensar ações educativas museais online, pressupõe-se o reconhecimento de mecanismos de diversas redes do conhecimento, de interatividade, de colaboração e de participação ativa de novos públicos. Neste ponto, trago como experiência, ações desenvolvidas e intensificadas no Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, em 2020.

Com o Museu fechado ao longo do ano, frente à difícil tarefa de continuar a realizar seu papel sociocultural e o desafio em compreender melhor o contexto em que estávamos vivenciando, foram propostas atividades online como ferramentas para se conectar ao público via plataformas virtuais – redes sociais, site e mídias eletrônicas.

Utilizando das informações sobre o visitante habitual do espaço, das possibilidades das redes sociais em gerar situações de interatividade e dos recursos online que o Museu já dispunha, foram criadas ações dialógicas com o intuito de provocar trocas de experiências, narrativas e sentidos dos seus seguidores, possibilitando participação ativa dos mesmos.

Expostos em redes sociais, os conteúdos educativos criados, possibilitaram ao Museu estabelecer uma ligação com o público que se encontrava afastado presencialmente desde o início da pandemia. Foram inúmeras postagens que abordaram a história da própria instituição, curiosidades ligadas a temas contemporâneos, monitoria online dos ambientes e objetos que compõem o espaço museológico.

Outra ferramenta tecnológica explorada pelo Museu Prudente de Moraes foi o site da instituição. Exposta a história da casa e da vida pública e privada de Prudente de Moraes, primeiro presidente civil do Brasil e patrono da instituição, nessa plataforma, também é possível acessar fotografias do Museu e de parte de seu acervo. Há também jogos online: caça-palavras, enigma deslizante e jogo da memória – instrumentos educativos que utilizam da história de Piracicaba e do acervo do Museu para ensinar de forma lúdica.

E, para fecharmos, em parceria com a empresa Google, assim como diversas instituições museais de diversos países, o Museu também se utiliza do site Google Arts & Culture – plataforma online que possibilita o amplo acesso virtual às exposições “Prudente de Moraes: vida pública e privada” e “Museu Prudente de Moraes: 60 anos de história!”, além de parte do acervo digitalizado.

Bem é verdade que, a visita virtual limita a experiência material e simbólica com o objeto musealizado – sensação essa que apenas presencialmente é possível obter, mas há uma gama muito grande de possibilidades a serem exploradas nessa nova realidade que não poderemos deixar de considerar a partir deste momento.

* Renata Graziela Duarte Gava é formada em História, com pós-graduação em Patrimônio Arquitetônico – Teoria e Projeto e em Gestão Cultural. Atua nas áreas de museologia e patrimônio cultural. Sócia-proprietária da Engenho Cultural – Consultoria e Assessoria em Museus.

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