Para onde vamos?

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Foto: Reprodução Google

Lembra daquelas perguntas célebres: De onde viemos? O que somos? Para onde vamos? Ao adaptar a peça “O Deus da Carnificina”, de Yasmina Reza, para o cinema, o diretor Roman Polanski nos obriga a pensar muito na terceira delas. Qual é o objetivo da nossa vida numa sociedade conturbada, na qual a violência se faz onipresente embora exista um discurso pacifista que parece querer permear todas as nossas ações?

O eixo da narrativa é a agressão que uma criança de 11 anos fez contra outra da mesma idade num parque. O casal do menino agressor e do agredido marcam uma reunião para esclarecer o acontecido. E a reunião aparentemente civilizada se torna uma batalha campal, literalmente, com direito a todo tipo de assédio psicológico e verbal.

O debate vai muito além da violência entre as crianças. Entra pela discussão sobre dois casamentos em crise e por relações degastadas de cada personagem com o mundo. De um lado, o vendedor de materiais de construção inicialmente passivo e a autora de livros de história aparentemente controlada; do outro, um advogado e uma corretora da bolsa de valores.

Um símbolo do filme é o celular do advogado, que não para de tocar. Torna-se uma conexão com um mundo cruel e competitivo, em nada diferente das relações do apartamento em que os personagens discutem. Não há espaço para a paz ou para o diálogo sincero. O telefone celular continua chamando… E cada um apenas se escuta; e uns devoram aos outros sem cessar.

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