Piracicaba que eu adoro tanto!
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Também eu desejo celebrar o aniversário da “Noiva da Colina”. Com esta referência ao lindo véu nupcial, lembramos a atual situação do nosso decantado rio e somos obrigados a admitir que, sim, temos algo a lamentar em mais este aniversário de Piracicaba. Talvez o mais belo e digno presente que se possa lhe dar seja a recuperação do seu rio.
Para quem chegou a uma idade respeitável, é simples olhar para trás e constatar as transformações pelas quais a cidade passou. Lembro das ruas da minha infância, como se fossem passarelas douradas de sol. As calçadas limpas, pouco trânsito, a vastidão dos quarteirões quase vazios.
Era maravilhoso descer a rua Governador rumo ao centro da cidade. Andava-se a pé, com segurança. Havia também o encanto dos bondes, mas a graça era caminhar sob o céu de anil, brilhando em nossa alma juvenil. Em poucas décadas, muita coisa mudou. A paisagem urbana ganhou novos contornos, em função de novas perspectivas e do progresso bem-vindo.
Transformações são benéficas, sobretudo se estão voltadas para a qualidade de vida da população. Algumas mudanças vieram para somar e trazer esta qualidade; outras foram implantadas de modo equivocado e talvez merecessem uma revisão.
Piracicaba já não é a cidadezinha cheia de graça, como num poema de Quintana. Apesar dos parquímetros, está cada vez mais difícil encontrar vaga para estacionar. Os veículos tomam conta de todo espaço disponível, não raro obrigando o motorista a parar em local proibido numa emergência. O número de motos triplicou, exigindo extrema atenção no trânsito. Há corredores comerciais em muitos bairros e percebemos os dois lados do progresso: a multiplicação da presença comercial em seus vários segmentos, ao lado da crescente dificuldade para nos locomover em nossas atividades e compromissos.
De minha parte, louvo a clínica, o laboratório, o banco, a farmácia, os estabelecimentos que oferecem algumas nobres vagas para estacionar. Tem sido uma bênção. Também nestes locais, observa-se a reserva para o deficiente e o idoso, embora sejam vagas desrespeitosamente utilizadas por pessoas jovens e saudáveis.
Mas a grande questão é a ideia de se privilegiar os veículos, em detrimento dos transeuntes, de quem anda a pé. Nossas avenidas são perigosas para quem ousa atravessá-las. Temos um belo projeto urbano: tornar nossas ruas mais seguras, sobretudo para as pessoas idosas.
Às seis horas da tarde, da Estação da Paulista, observo o intenso trânsito na avenida dr. Paulo de Moraes. É algo surreal. Um movimento que a cidade vai absorvendo naturalmente. Piracicaba cresceu e quando há desenvolvimento, há desafios constantes.
Piracicaba sempre será a nação da minha alma, o lugar de onde nunca saí. Por isso, celebro a cidade que amo tanto. Amo teus prados e horizontes, as serras e os montes onde nasci, tal como se canta no hino de amor a esta terra. A saudade que punge e mata nos assalta sempre que dela nos afastamos. Ir é bom, voltar é melhor. E quando se chega a Piracicaba, o coração bate mais forte. É a nossa cidade, nosso lugar no mundo, solo abençoado. O lugar onde o peixe parava…