Pobre Dispensário dos Pobres!

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dispensario“Feio, feio mais que feio” diria Ferreira Gullar? Bom, na falta dele então digo eu. Mas talvez sim ele dissesse isso; concordaria que largada e abandonada está essa bela propriedade que abriga prédio histórico da nossa cidade, o antigo “Dispensário dos Pobres”, situado à Rua do Rosário. Não se trata de falarmos levianamente em modernas reformas da construção em si, nem sequer em pintura; seriam coisas caríssimas certamente. Não é isso. Digo da área que contém o prédio principal, falo da totalidade, incluindo jardim, calçada, laterais e quintal anexo. O terreno em si é enorme.

Quando lá estava uma única freira idosa, isso há anos, o lugar tinha vida, tinha árvores, pássaros cantavam; havia misticismo e certa religiosidade. Tudo acabou com a venda, e piora dia a dia.

Desconheço o grupo que comprou o lugar, mas sei que só fez cortar árvores. Sei porque vejo isso. E muitas delas, extirpadas, ficam na calçada lateral, na rua XV de Novembro, imundecendo, atravancando a mesma, atrapalhando pedestres e dando sua contribuição ao aspecto de abandono do já não tão cuidado centro da cidade. Será que já ouviram, por lá, falar de composteiras? Terreno ali não falta. Uma composteira para matéria orgânica seria muito bem pensada.

E a frente dele, do referido Dispensário? Quase choro. Restos de árvores secas que ninguém tira, um fio telefônico enrolado num esqueleto de árvore ficou por meses ou mais de um ano lá, até que o esqueleto caiu e fio foi igualmente para o chão. Há buracos pela calçada toda. Não daria para, em mutirão entre os membros da turma religiosa, jovens e casais, adultos e idosos remendarem com um cimentozinho básico aquele lugar degradado, ou seja, a já referida calçada?

Ninguém tem interesse em tirar o mato que cresce sempre mais na área, em grande parte do interior da propriedade, após terem cortado árvores? Com elas a fazerem sombra antes, havia pouco mato. Por que não se decidiram a lá fazer hortas orgânicas, canteiros de plantas medicinais, caminhos de flores, bancos rústicos com material alternativo? Replantar árvores frutíferas ao invés de cultivarem estacionamentos estéreis não seria bem melhor? Só lugar de parada de carros aquilo se tornou. Também varrerem com frequência a entrada ajudaria sem dúvida.

Avante, religiosos, avante católicos! O aspecto do Dispensário dos pobres é deplorável e não fala a favor de fervor religioso nenhum, de desenvolvimento espiritual e contemplação, ou de união do grupo que lá frequenta. A coisa está tão feia que eu, que sou agnóstica e não  afeita à tal fé, ofereço-me para, em havendo mutirão, consertar a calçada ou plantar árvores lá dentro, ajudar. Prontifico-me, se me avisarem de mutirões e se for dia em que eu possa, de tanto me dá vergonha e tristeza de passar por aquelas paragens onde, antes, cantavam o sabiá e outras aves tropicais.

4 comentários

  1. Bruno Altarujo Mengatto em 12/02/2019 às 23:22

    Eloah, obrigado pelo texto. Faço parte do grupo que comprou o lugar. Foi muuuuuito complicado pagar o espaço. Isso já foi uma grande vitória para nós que fizemos muitas pizzas, rifas e eventos nesses longos 7 anos. Dentro do espaço, tivemos grandes avanços que contam com reformas de banheiros, anfiteatro, a capela, as salas, os quartos, etc. Infelizmente isso não é visível do lado de fora. Trocamos a instalação elétrica que estava comprometida e, externamente, revistalizamos o jardim onde fizemos um lago, colocamos bancos e uma bela imagem de Nossa Senhora. Estamos indo aos poucos cuidando daquilo que Deus nos confiou com muito amor. Entendo que tem muito a ser feito mas gostaria de ressaltar que, independente do concreto e palpável, muitas almas foram revitalizadas e organizadas nesse tempo. Muita união e caridade foi gerada. Para isso o lugar é mantido, para transmitir amor a todos que ali entrarem. Um abraço!

  2. ANDERSON ANTONIO MENGATTO em 12/02/2019 às 23:28

    Olá Eloah, muito obrigado pelo texto.
    Faço porte da Associação que adquiriu o local há 7 anos e que, em Dezembro de 2018, finalizamos com muito suor e corações abertos, o pagamento de mais de R$ 3.000.000,00.
    Sua percepção, preciso dizer, é superficial. Convidamos a visitar e conhecer a história desta aquisição que foi realizada com muita coragem e amor, com disposição e união, buscando sim continuar a dar vida e espiritualidade a este lugar. Podemos afirmar com toda certeza e testemunhos que vidas e famílias são transformadas diariamente neste local.
    Mais que “cimentozinhos em calçadas”, corações são restaurados nesse local.
    Há muito o que se fazer, e o fazemos, nos reunindo todos os sábados para as benfeitorias. Pessoas que se doam gratuitamente para cuidar de mais de que um Prédio, um local onde o Espírito Santo age e os carismas acontecem.
    Aproveitando sua disponibilidade, reforço que todos os sábados (com raras exceções) podes nos ajudar e cuidar do verde, do cimento. Convidamos também a cuidar de vosso coração, como fazemos. Vinde Espírito Santo!
    Que a Paz de Jesus e o Amor de Maria, mãe de Deus, estejam contigo. Mesmo sendo agnóstica, o Amor de Deus é perene por todos nós.

  3. Cathia Pizzinatto em 20/02/2019 às 22:50

    Prezada dra. Eloáh
    Meu nome é Cathia Pizzinatto, e neste biênio de 2019/2020, voltei a presidir a Associação que representa o Movimento Eclesial da Renovação Carismática Católica na diocese de Piracicaba, Movimento que com muita coragem e unidade, sempre auxiliado por Deus, conseguiu adquirir o tão conhecido e amado “Dispensário dos Pobres”.
    Agradeço a oportunidade de justificar “alguma falta de beleza” em “Nossa Casa”. Realmente, o imóvel precisa de muitos reparos é evidente, pois que tão antigo é, mas está muito longe de “estar abandonado”. Talvez essa impressão equivocada, seja por não participar do Movimento e suas atividades ou não ter amigos que conheçam a respeito e por isso não tem acesso à linda história dessa aquisição.Aqui cabe um breve relato aos digníssimos leitores deste, que se apresenta como ” Paixão por Piracicaba”. Em 2012, quando vimos a faixa de “VENDE-SE ESTE IMÓVEL” nas grades do Convento, nasceu no coração de cada membro da RCC, o desejo de adquiri-lo pois fora alí, na Capela Nossa Senhora das Graças que a RCC começou seu primeiro Grupo de Oração da diocese de Piracicaba. O Grupo de Oração Maranathá, que acontece até hoje naquela Capela.Nessa época , por Vontade de Deus, eu era a presidente da Associação, e juntamente com o Secretário Geral e o Tesoureiro, fomos à Campinas, na Casa Sede das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado e começamos as negociações, que detalharei em outras oportunidades.Quero aqui deixar bem claro que outros três interessados chegaram para negociar com as Irmãs, antes da RCC, a saber: uma rede de hospitais, que tinha a intenção de fazer ali uma de suas unidades, uma empresa montadora de automóveis internacional, recém chegada na região e uma denominação religiosa que queria construir um grande templo no local. Vale destacar que todos pagavam maior valor e pagavam à vista porém, as queridas Irmãs, confiaram que a RCC continuaria o projeto para o qual foi construído: evangelizar! No ano de 2018, finalizamos o pagamento que foi parcelado em 7 anos! Conseguimos o dinheiro com muito esforço de cada membro de Grupo de Oração e com a ajuda de muitos, inclusive de não participantes do Movimento, mas que conseguiram enxergar a luta pra conquistar algo com a melhor das intenções. Também fomos chamados de “loucos”, “desequilibrados”, “alienados”, por muitos dos que não nos conheciam! Vendemos milhares de pizzas! Vendemos toneladas de latinhas de alumínio ! Fizemos incontáveis brechós! Conseguimos honrar os compromissos, sem nenhum tostão de origem duvidosa e num período de recessão em que muitas grandes empresas faliram! Isso não é loucura , é fé!
    Temos muito trabalho a fazer para que possamos agora, providenciar um projeto de restauro, segundo as normas do CODEPAC, que garante a permanência de todas as características internas e externas do lugar. É preciso ir com prudência, a pressa é inimiga da perfeição.Temos muitas pizzas pra vender, doações expontaneas pra pedir, e muito a agradecer a Deus e à comunidade que tanto nos apoiou, inclusive nas 17 vezes que fomos assaltados. Tudo é para o louvor a Deus!
    E sobre as árvores cortadas, também choramos, porém não podiam continuar colocando em risco a vida e conservação do lugar, uma vez que estavam condenadas. Temos documentação do SEDEMA. Os sabiás continuam cantando por alí, assim como os bem te vis, maritacas , Trinca ferros e outros pássaros moradores do local.
    Agradeço a oportunidade para parabenizar A Província ,e deixo o convite aos leitores, para agendarem um horário para nos visitar.
    Que Deus abençoe a todos

    Cathia Pizzinatto – RCC/ Piracicaba

    • Cathia Pizzinatto em 22/02/2019 às 13:22

      Prezada dra. Eloáh
      Meu nome é Cathia Pizzinatto, e neste biênio de 2019/2020, voltei a presidir a Associação que representa o Movimento Eclesial da Renovação Carismática Católica na diocese de Piracicaba, Movimento que com muita coragem e unidade, sempre auxiliado por Deus, conseguiu adquirir o tão conhecido e amado “Dispensário dos Pobres”.
      Agradeço a oportunidade de justificar “alguma falta de beleza” em “Nossa Casa”. Realmente, o imóvel precisa de muitos reparos é evidente, pois que tão antigo é, mas está muito longe de “estar abandonado”. Talvez essa impressão equivocada, seja por não participar do Movimento e suas atividades ou não ter amigos que conheçam a respeito e por isso não tem acesso à linda história dessa aquisição.Aqui cabe um breve relato aos digníssimos leitores deste, que se apresenta como ” Paixão por Piracicaba”. Em 2012, quando vimos a faixa de “VENDE-SE ESTE IMÓVEL” nas grades do Convento, nasceu no coração de cada membro da RCC, o desejo de adquiri-lo pois fora alí, na Capela Nossa Senhora das Graças que a RCC começou seu primeiro Grupo de Oração da diocese de Piracicaba. O Grupo de Oração Maranathá, que acontece até hoje naquela Capela.Nessa época , por Vontade de Deus, eu era a presidente da Associação, e juntamente com o Secretário Geral e o Tesoureiro, fomos à Campinas, na Casa Sede das Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado e começamos as negociações, que detalharei em outras oportunidades.Quero aqui deixar bem claro que outros três interessados chegaram para negociar com as Irmãs, antes da RCC, a saber: uma rede de hospitais, que tinha a intenção de fazer ali uma de suas unidades, uma empresa montadora de automóveis internacional, recém chegada na região e uma denominação religiosa que queria construir um grande templo no local. Vale destacar que todos pagavam maior valor e pagavam à vista porém, as queridas Irmãs, confiaram que a RCC continuaria o projeto para o qual foi construído: evangelizar! No ano de 2018, finalizamos o pagamento que foi parcelado em 7 anos! Conseguimos o dinheiro com muito esforço de cada membro de Grupo de Oração e com a ajuda de muitos, inclusive de não participantes do Movimento, mas que conseguiram enxergar a luta pra conquistar algo com a melhor das intenções. Também fomos chamados de “loucos”, “desequilibrados”, “alienados”, por muitos dos que não nos conheciam! Vendemos milhares de pizzas! Vendemos toneladas de latinhas de alumínio ! Fizemos incontáveis brechós! Conseguimos honrar os compromissos, sem nenhum tostão de origem duvidosa e num período de recessão em que muitas grandes empresas faliram! Isso não é loucura , é fé!
      Temos muito trabalho a fazer para que possamos agora, providenciar um projeto de restauro, segundo as normas do CODEPAC, que garante a permanência de todas as características internas e externas do lugar. É preciso ir com prudência, a pressa é inimiga da perfeição.Temos muitas pizzas pra vender, doações expontaneas pra pedir, e muito a agradecer a Deus e à comunidade que tanto nos apoiou, inclusive nas 17 vezes que fomos assaltados. Tudo é para o louvor a Deus!
      E sobre as árvores cortadas, também choramos, porém não podiam continuar colocando em risco a vida e conservação do lugar, uma vez que estavam condenadas. Temos documentação do SEDEMA. Os sabiás continuam cantando por alí, assim como os bem te vis, maritacas , Trinca ferros e outros pássaros moradores do local.
      Agradeço a oportunidade para parabenizar A Província ,e deixo o convite aos leitores, para agendarem um horário para nos visitar.
      Que Deus abençoe a todos

      Cathia Pizzinatto – RCC/ Piracicaba

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