Polifarmácia: grande desafio médico

Os textos de diferentes autores publicados nesta seção não traduzem, necessariamente, a opinião do site. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

polifarmacia

Foto: Reprodução Google

Com o acelerado processo de envelhecimento populacional, as doenças crônicas degenerativas também vêm sofrendo um rápido crescimento e com elas o uso de diversos medicamentos por um mesmo indivíduo, para tratar diversos problemas.

Esse novo desafio da medicina foi designado por POLIFARMÁCIA, para a qual não existe uma definição de consenso, mas que de modo geral é considerada como o uso prolongado ou contínuo de 5 os mais medicamentos por uma mesma pessoa.

Se conhecer todos os efeitos colaterais de todos os medicamentos existentes no mercado, já é uma tarefa praticamente impossível por parte de nós médicos imaginem saber, se o uso concomitante de 5 ou mais pode causar problemas de interações prejudiciais ao nosso organismo?

Diversos estudos nacionais e internacionais têm alertado os médicos e a população sobre o risco crescente de que, o uso de medicamentos múltiplos, possa estar tendo um efeito contrário, principalmente em idosos, de agravar, ao invés de melhorar seus problemas de saúde.

A solução desse problema é complexa e vai desde o conhecimento preciso de todos os medicamentos sendo usados pelo paciente, até programas de computador que possam cruzar os diversos medicamentos em uso e alertar o médico sobre interações perigosas.

Enquanto não temos uma solução mais moderna e eficiente, cabe a nós, cada um dos médicos alertar nossos pacientes sobre o uso indiscriminado de medicamentos, bem como o uso sem prescrição médica dos mesmos, além de orientar de forma muito detalhada e precisa, como usar os medicamentos que estão sendo prescritos.

Melhoramos no controle do uso abusivo e sem prescrição de alguns remédios, mas ainda estamos longe de encontrar uma forma mais ampla de resolver o problema. Um exemplo é o uso de anti-inflamatórios não hormonais (AINEs) que continuam sendo vendidos sem qualquer receita nas farmácias e que, como sabemos, o uso prolongado dessas drogas pode levar a insuficiência renal crônica, apenas citando um dos prejuízos ao paciente.

Para lembrar que na medicina moderna a relação médico-paciente é uma via de duas mãos, em que profissional e cliente devem trocar informações na decisão sobre tratamentos e prevenção de riscos recomendo que os nossos pacientes nos ajudem nessa difícil tarefa adotando algumas práticas simples, mas que podem fazer muita diferença nesse desafio.

Entre essas práticas destaco: ler cuidadosamente a bula do paciente, que hoje é fornecida para a maioria dos remédios; levar nas consultas médicas o nome e as doses utilizadas de todos medicamentos em uso no momento; e levar as bulas dos remédios prescritos por outros colegas.

Para concluir, nunca é demais lembrar que não existe solução química para todos nossos problemas e que a saúde depende muito mais do que estamos fazendo de nossas vidas, do que medicamentos.

Deixe uma resposta