Sensibilidade e imaginação

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esplendor

Foto: Reprodução Google

Naomi Kawaze dirige o filme japonês ‘Esplendor’ de uma maneira tão sutil, que mal percebemos como somos colocados perante diversas situações que levam a pensar sobre o significado da arte e da vida. A narrativa introduz diversos aspectos essenciais para a busca daquilo que costumamos chamar felicidade.

Dois personagens são muito importantes. Uma delas é uma jovem que realiza audiodescrição de filmes. Seu desafio não é apenas transformar imagens em palavras, mas, principalmente, conseguir que seu texto passe aos cegos e pessoas com deficiência visual a atmosfera criada na tela.

O outro personagem essencial, mais maduro, é um fotógrafo que está perdendo a progressivamente a visão. Ele participa dos grupos de teste dos filmes que a moça descreve. A relação crítica dele em relação ao trabalho apesentado pela moça gera uma tensão que se torna atração. E os diálogos entre eles apontam para perdas e ganhos de ambos.

A grande metáfora da obra está no momento em que o grupo de cegos assiste à audiodescrição de um filme em que o protagonista sobe uma colina de areia onde um deslumbrante sol o aguarda. Interpretar essa cena com esperança ou com desespero é uma questão para todos. Enxergando ou não, a ambivalência persiste. Interpretar a arte, portanto, como bem mostra Naomi Kawaze, emanda, acima de tudo, sensibilidade e imaginação.

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