SKOLÉ – PARTE TRÊS – FINAL

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imagesAo mediar conflitos, a escola deveria manter o foco no aluno refratário às normas ou nas estruturas que dão sustentabilidade a uma instituição fechada às atuais necessidades? Caberia à escola sozinha mediar conflitos que são sintomáticos, adequar o aluno, sua família, comunidade e a si própria às normas oficiais ou de modo coletivo buscar a raiz do problema e procurar mudanças? O jovem de hoje está dizendo que esse tipo de escola não responde mais aos seus anseios. Em vez de tentar enquadrá-lo é preciso ouvi-lo e com ele construir uma nova metodologia. Por outro lado, dos adultos, quem não estiver a fim saia do caminho porque está atrapalhando.

Participei da última Conferência Municipal da Educação e não vi um aluno sequer, mesmo sendo ele a alma da escola. Senti pena deles porque apesar das honrosas exceções, que pouco conseguem modificar, estão nas mãos de pessoas que deveriam estar trabalhando em linha de produção, não em salas de aula. Essas pessoas mais os políticos que fazem das Secretarias de Educação vitrines eleitorais, impedem mudanças.

Ora, uma organização precisa ser versátil e aberta às mutações sociais. “Os padrões sociais perdem sua força modeladora. As ‘pressões’ se desvanecem porque as sanções só existem nos sistemas sociais muito primitivos e impermeáveis ao progresso.” (Lucimar Oliveira Lima Costa). Percebe-se um silencioso e lento, porém irreversível processo de recusa às organizações que não promovam participação, criatividade e realização pessoal.

Quando, afinal a escola vai entender que aprendizado é troca e troca se faz através da convivência? No entanto, relações que valorizam a submissão não funcionam mais. Existe no ar uma tendência irreversível à participação. Salas lotadas; alunos parafusados nas carteiras um olhando a nuca do outro, giz, lousa e professor tentando enquadrar todo mundo. Existe coisa mais ultrapassada? Olho no olho, pacto, roda, horizontalidade, camaradagem, cumplicidade, coresponsabilidade e troca; assim que se faz maturidade. Conhecimento é construção coletiva e ninguém pode ser dispensado.

Como a escola dará conta da presente geração “capaz de mudar de emprego muitas vezes em busca da autorrealização pessoal, profissional e ciosa de sua liberdade de escolha e de expressão? Demonstra-se impaciente e deseja dar sentido à vida, e rápido, enquanto faz muitas coisas ao mesmo tempo. Contraditoriamente, está preocupada com seus próprios interesses, mas deseja construir um mundo melhor. Nas suas atividades, valoriza os valores éticos e prioriza o aprendizado e as relações humanas”. (Luiz Fernando Conde Sanguenis).

Não existe resposta pronta. As fórmulas e padronizações precisam ser rompidas, os conceitos e preconceitos postos em cheque. Tudo isso é resultado de ações coletivas, pois caminho se faz caminhando, e cada momento é único quando se fala de relações; são elas que mudam as coisas e dão sustentabilidade a ações emancipatórias.

“Educação é relação humana, intimista. Redes menores, professores estáveis; diretores que conhecem pais, alunos e profissionais de sua escola; escola que se aproxima das comunidades e famílias gera melhores resultados escolar. Os gestores precisam investir mais, ouvir mais as salas de aulas e as escolas”. (Rudá Ricci, especialista em Educação. Folha 15.10.11). Se quiser sobreviver, a Escola terá que optar pela gestão horizontal, participação dos alunos, das famílias e da comunidade. Assim se tornará espaço de relações positivas e referência do conhecimento.

“Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. (Paulo Freire).

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