Somos todos super-heróis

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Foto: Reprodução Google

São inúmeros os relatos de como a família, a escola e o trabalho são universos que, no lugar de ampliar potencialidades, as reprimem em medidas inimagináveis. Assim, talentos são perdidos e maneiras diferentes de ver o mundo são simplesmente desperdiçadas para sempre.

O filme “Vidro”, continuação do diretor M. Night Shyamalan para as obras “Corpo Fechado” e “Fragmentado”, comporta justamente essa leitura, pois os três protagonistas têm habilidades especiais que não são aceitas pela sociedade, que simplesmente não sabe lidar com elas, sejam boas ou ruins.

No novo filme, temos personagens como Glass (Samuel L. Jackson), com sua inteligência muito acima da média para montar estratégias e para escapar das mais terríveis situações, mas com um corpo extremamente frágil. Há também a Horda (James McAvoy), com mais de 20 personalidades, algumas delas doces, mas que, sob um comando furioso, constroem um conjunto extremamente violento.

A contrapartida é David Dunn (Bruce Willis), com sua capacidade de saber a índole das pessoas com um simples toque e força física descomunal, mas facilmente derrotado na água. Ele pode até estar predestinado a salvar o mundo, mas a sociedade não aceita nenhum dos três personagens, por não estar preparada para o que é diferente.

E a alternativa para lidar com o que não se entende, como a história já demonstrou inúmeras vezes, é a destruição. Eliminar os três super-heróis, que evocam as histórias em quadrinhos, significa exatamente podar a capacidade de cada pessoa de voar e de levar seus sonhos e potencialidades ao extremo.

Quando a trajetória dos três é divulgada, como mostra o fim do filme, a capacidade que pais repressores, professores despreparados e chefes incompetentes têm de podar brilhantismos começa a se esvair, porque restaurar a capacidade de imaginar é simplesmente o que o ser humano tem de melhor.

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