Soneto do amanhã
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Se o pranto desse dia nada santo
Ainda carrega a dor de um despeito
É tempo de esperar pelo desfeito
– Derramar numa noite tanto a tanto.
Que na manhã se verta o acalanto
Com canto de caboclo satisfeito
Pois nunca se descobre o que é perfeito
Sem antes renascer ao novo encanto.
Canta! Canta que a voz espanta a dor
Que a flor tem o odor da noite vazia
Mas mostra todo dia nossa cor.
Que o canto de amanhã seja elegia
Dos ecos que abençoam o sabor
Das voltas como enredo e alegoria.