Soneto da Fina Flor (Soneto diálogo)
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-Meu nome: se chama pela viola.
Sou Moreno, da negra alma de dor
Querendo, pr’uma dança e pro torpor,
Teu incendeio olhar, ginga de Angola!
-Sou ela, aquela que o medo s’embola
Cuja alma transpadece qualquer cor
Sou a Morena e, sim, de fina flor
Que te chacoalho tal qual castanhola.
Mas que trazes, Moreno, pra minha dança?
Qual lição dessas lágrimas de sal
Diz pr’eu juntar com que só me balança?
– Se te vejo, me dói como punhal
Desde quando da corda fiz aliança
Pr’uma história virar angelical.