Turismo Social – SESC

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turismo-social-site1É a sexta viagem que fazemos com o SESC-Piracicaba. Nesta última fomos para Matinhos – PR. Hospedamo-nos confortavelmente na unidade local, frente à bela praia de Caiobá. Tivemos na encantada Ilha do Mel, conhecemos Matinhos, Pontal, Porto de Paranaguá, e as cidades históricas de Antonina e Morretes, onde no mais badalado restaurante local, provamos o famoso “barreado”. Degustamos ostras com frisante, visitamos vilas de pescadores, vimos manguezais, fizemos artesanato.  A visita que marcou foi a uma aldeia Guarani, onde – de antemão preparados pelo coordenador de Turismo do SESC presente no passeio – interagimos muito bem com os primeiros donos destas terras. Trocamos informações e adquirimos artesanato. Viagem inesquecível. Conhecemos os 90 quilômetros do litoral paranaense, sua colonização e importância.

Creio que viajar é uma das maneiras mais eficazes de amadurecimento pessoal, desde que a mentalidade do viajante vá alem de um turismo consumista. Conhecendo novos costumes e com eles se relacionando descobrimos que existem outras formas de encarar a vida. Aprendemos a rever conceitos e questionar preconceitos. As viagens do SESC vão bem nessa linha, além de estreitar laços entre os que vão e com os que estão.

Quem protege demais sua vida vai perdê-la, diz a Bíblia. Fechar-se é morrer aos poucos, pois a vida não é só o que sabemos, sentimos e vemos em nossa família, bairro, igreja, escola, trabalho, amigos. Criar relações é ver além dos muros, é abrir horizontes, colocar-se em xeque e sentir-se universal. Com a cabeça no saco achamos que o mundo é o que vemos. Horizontes fechados justificam a mediocridade, a rotina sufocante, as grades de vidro que falsas seguranças trazem e a omissão na construção da própria plenitude. Incomodam-nos os que “sobem montanhas, nadam rios, contemplam entardeceres, correm riscos, brincam com as crianças, tomam mais sorvetes que lentilhas, vão a lugares onde nunca foram e têm mais problemas reais e menos problemas imaginários” (Jorge Luiz Borges).

Nas poucas, mas proveitosas viagens que fiz aprendi muitas coisas. Uma delas é que todo mundo deveria viajar porque faz muito bem; alegra o coração, cura doenças, fomenta a solidariedade, aprende coisas novas; abre a mente e propicia condições de nos maravilharmos com as obras de Deus e dos homens. Isso me alegra e entristece. Embora seja direito de todos, sinto-me um privilegiado, já que muitos não podem viajar com a família porque a grana não dá. Passarão a vida sem ver o mar, tomar banho de cascata, subir montanhas, conhecer outras realidades, descansar num bom hotel ou mesmo curtir teatro, cinema, shows e eventos culturais. Se todos tivessem condições de sair do seu canto e se entreter certamente teríamos pessoas mais felizes, tolerantes, pacíficas e de bem com a vida; e consequentemente uma sociedade mais justa, tranquila e fraterna. Porém ganham menos do que é justo e a indústria do turismo tomou posse das maravilhas que Deus fez para todos, e explora quanto pode. O SESC consegue com muito sucesso e qualidade e democratizar esse direito.

Nesse sentido, não é justo que lugares de ímpar beleza tenham sido tomados por ricos. Sem querer generalizar, gente do Judiciário e da imprensa; artistas, jogadores, políticos, marajás do funcionalismo, empresários e até contraventores violam santuários ecológicos, subornam nativos e os expulsam; privatizam montanhas, ilhas e praias, onde com dinheiro em geral fruto de propina, sonegação e exploração, fazem mansões de tirar o fôlego. Ali rolam festas que ruborizam os céus. Gente bonita e chique; helicópteros e iates. Estão se lixando com a exclusão da maioria, embora dela precisem já que nem cozinhar sabem. Não são felizes e nem deixam que outros sejam. Insensatos que são não percebem seu círculo se fechando cada vez mais porque o Brasil está mudando e não aceita mais tal acinte.

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