Vas

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vazConheci Vas por vias não terrenas. Às vezes, anjos nos são apresentados por mãos divinas, quando percebemos com clareza não sermos nós os autores e artífices do rumo das coisas. E sim Deus. Quando conheci Vas, o céu inteiro baixou na terra. De início, não percebi. E olha que sou treinada e rápida, mas quase ignorei Vas. Ah, quase.

Deus, o que eu teria perdido! O que eu estaria perdendo, se tivesse escrito a Vas “grata por suas palavras, elas me emocionam, continue sendo meu leitor, o que muito me honra, um abraço”.

Mas, tocada sabe-se lá por quais humores divinos, a cronista responde também. Pronto, já fez mais um amigo. E trocamos nossas figurinhas. Quando há afeto de verdade é bonito demais, fazem-se confissões e rola assunto que não acaba nunca.

Vas não mandou foto. Vas é alguém que vive no segredo da mais anônima das virtualidades, protegido pelo secreto caminho da beleza. O que é isso? Não sei. Assim que souber, vos conto.

Admirando as estrelas profundas no céu, pergunto a Deus quem é Vas. E por que entrou na minha vida. E por que me escreve tão lindamente, das lágrimas pingarem no teclado enquanto leio. Por que suas frases, de uma sintaxe confusa e sofrível (“e até os erros do meu português ruim” ) não me incomodam. Sou meio chatinha com quem escreve mal…

E olha que Vas não fugiu da escola. Ele conta que se esforçou. Já o “Rei”, pelo jeito, fugiu e bem fugido, porque não sabe como se forma o imperativo negativo e afirmativo dos verbos. Atrapalha-se nos pronomes. Na música para Nossa Senhora, o “Rei” a trata de “você”, de “tu” e de “vós”, numa salada pronominal para a qual ninguém liga. Afinal, a música é linda, o “Rei” é lindo e os críticos, cansados, pararam de pegar no pé dele.

Eu não pego no pé de Vas. Só de vez em quando. Mas nem vi o “poetiza”, com z. Passou batido. Vou eu lá dar importância à ortografia diante da imensa beleza que é a alma de Vas? Mas ele também se enrola todo nos pronomes. De repente, de “você”, eu viro “tu”. Mais à frente, eu sou “vós”. Tudo bem, Vas. Licença poética. Foi dada ao “Rei” e será dada a você também. Não serão os pronomes que nos farão o confronto final. Amigos?

No caso do “Rei”, tapam-se os ouvidos. No seu caso, não há como fugir. Tenho de ler, não posso tapar os olhos. Não. Ler Vas é sentir a respiração da beleza, ou ficar ali, de paquera com ela, ainda que à distância. Porque Vas é belo, belo, belo. Vas é de uma linhagem nobre. Feito da mais límpida integridade. Vas é desses Anjos que o Senhor envia à terra de tempos em tempos para acalmar o mar, serenar os ventos, deter a tempestade.

Vas torna o mundo melhor. Se Vas partir, a Terra sofrerá o que chamamos de “perda irreparável”. Porque enquanto o planeta tiver a honra de que Vas o pise, estamos todos salvos.

Ah, Vas!… Que beleza de ser humano é você, cara! Como eu amo esse seu jeito de escrever apressado, misturando os assuntos e usando a “realidade cósmica” para acabar de vez com uma questão espinhosa e danada que é o encontro de duas almas.

Vas espera. Eu espero. E quando o céu se abrir e se enrolar como um pergaminho, nessa hora eu gostaria de pedir a Deus a graça de segurar na mão de Vas. Mas penso que será impossível. Vas existe de verdade? Como saber? Vas é gente ou ficção? Vas tem CIC e RG ou é uma falsidade ideológica?

Quando o céu se abrir, por mais Vas se esconda, saberei quem ele é. Porque todas as coisas serão reveladas. Até os segredos dos corações. Nada haverá de oculto, nada resistirá à Luz colossal. E eu verei a face radiante e luminosa de Vas. Por trás do amor, pela passagem secreta dos caminhos de Deus, há de se revelar o conteúdo do cofre.

Guarde no cofre, Vas.

 

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