Voltando da praia

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VoltandoPraia

Foto: Reprodução Google

Já deixei claro, inúmeras vezes, que meu sonho seria morar numa praia, numa beira-mar destas que a gente vê nas imagens da internet, aquele espaço místico, deserto e luminoso, um coqueiro meio que caindo de lado, tudo tão solitário e encantador, céu, sol e mar a perder de vista.

A vida não é um cartão postal, nós sabemos. E morar numa praia também há de ter seus problemas, imagine se não! Morando sozinha, de repente, numa doença, longe das filhas, irmãos, de pessoas queridas e amigos que certamente prestariam socorro, como seria?

Mas que a praia é boa é. O sonho de quem mora no interior é tirar férias no litoral e desfrutar de toda aquela beleza, aproveitando até o último raio de sol! Outra coisa boa é passar o Réveillon na praia. A sensação é maravilhosa, esfuziante, fiz isso durante anos seguidos com meu lindo, numa época em que a vida nos sorria, e tudo parecia infinito. Enquanto dure.

Estou chegando do litoral e sei que pretendo voltar mais vezes, sempre que possível. Uns dias numa praia, num local de frente para o mar, ouvindo a música dos peixes ovulando debaixo d´água, causa-me um efeito transformador. Os problemas do cotidiano começam a parecer menores, a pequena reforma de uma parede interna na casa pode ficar lá pra julho, não precisa ser agora. As ondas feitas de rendas brancas têm o poder de tornar menos graves as nossas preocupações.

E como é que uma viúva viaja? Se não puder ir com amigos e parentes, tem de convidar alguém muito legal como companhia e contratar motorista para levar e buscar. A companheira de viagem, por sorte, é a filha mais velha, que está de férias neste tórrido mês de janeiro. E que adora praia. Bora, mãe!

Motorista contratado, seu Ari é educado e gentil, muito bem recomendado, e a viagem se torna uma bênção. Conversa vai, conversa bem, chegamos! Nem vimos a hora passar! E em lá chegando, é colocar os pés na areia e o coração em algum lugar bem guardado, do tipo “o Senhor guarda a tua vida de todo o mal”, um esconderijo que cada um conhece quando tem a sagrada possibilidade de estar diante do atlante dono. Dono de mim.

O mar me causa um recolhimento interior profundo. Sinto-me pequenina diante dele e sinto-me abençoada. Não existe cenário mais belo, nem mais perfeito. Toda a graça da Criação reside neste espaço chamado praia. Deus o criou num momento divinamente inspirado. Ele separou a terra das águas, viu que tudo era bom, cofiou a longa barba e desceu para um banho de mar. E depois da Terra pronta, poluímos o planeta, sujamos a praia de Deus.

Não quero lhe falar, meu grande amor, das coisas que aprendi nos livros e que a praia é diferente sem você. Você amava as férias em Ubatuba, paisagem de casamento entre o mar e a montanha, um pulinho até Paraty, para engrandecer um pouco mais as férias e o sonho. Nossa viagem de carro até a Bahia foi outro grande momento de nossas vidas. A parada em Teixeira de Freitas, na volta em Meaípe e havia razão de sobra para celebrar. Eu queria ficar em Porto Seguro e não voltar nunca mais…

Pés no chão, dona. Pés na areia, de vez em quando. Louvado seja Deus!

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