Elo perdido

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Com a negação pela Justiça do pedido de impugnação da chapa adversária feito pelo PSDB, cada vez fica mais claro que o poder deixa cego quem não tem lastro para lidar com ele. Acham que podem tudo. Em vez de incentivar mais pessoas a pleitearem cargos públicos; valorizar mentalidades novas; estimular a participação de pensamentos diferentes a fim de qualificar o debate, preferem miná-los. Aliás, Piracicaba tem gente de renome, universidades de referência, mas dificilmente são chamadas para discutir as causas dos problemas e contribuir na elaboração e execução de políticas públicas eficientes e sustentáveis. Foi se o tempo dos seminários e congressos onde a sociedade debatia as questões e apresentava sugestões. As organizações populares nem existem mais. O orçamento participativo virou piada. Vereadores nem a lei do Orçamento discutem. Tudo é barganhado no mercado dos interesses.

Não que os outros sejam melhores, mas esse partido parece um elo perdido do tempo da ditadura. Se fosse seu eleitor, mudaria meu voto, pois apagar a luz dos outros para que brilhe a própria é deslealdade. Seus caciques querem uniformidade. A diversidade os assusta, não sabem lidar com ela. Gostam do imediatismo e do segredo; até seus candidatos foram ‘pegos de surpresa com a própria escolha’. Quem não está com eles é tachado de oportunista e perturbador da ordem. Só eles podem ter interesses políticos, ninguém mais. Querem hegemonia. A massa está com eles, mas não os que pensam. Deve ser desconcertante atrair corações e sentimentos exceto inteligências.

Discutir causas é coisa de desocupado. Querem mostrar serviço. Pra tudo tem remédio, mas nenhum cura a doença. Muitos carros? Um só ônibus tiraria das ruas 50 automóveis. Porém, derrubam árvores, estreitam calçadas e tome viadutos e avenidas. Muita violência? Armam a Guarda Municipal até os dentes, câmeras, presídio e Águias cruzando os céus. E a violência só aumenta. Muito lixo? Mandam pra fora a preço de ouro. Faltam árvores? Enfiam mudas na terra sem envolver ninguém no seu cuidado. Muitos doentes? Unidades de saúde, remédios e hospital neles, menos discutir por que ficam doentes. Faltam casas? Como, se existem centenas a mil reais o aluguel? Morar não é direito, é sorte. Por isso fazem sorteios. Mil casas para 20 mil pessoas. O Barão lotado de desesperados. Isso dá ou não visibilidade?

Vagas nas creches? Dividem uma em duas para ter o dobro; constroem prédios em ritmo chinês – mormente antes das eleições – ou sobrecarregam ainda mais a direção e o pessoal de base ampliado os existentes. Alunos mal sabem escrever e interpretar um texto? Reformam prédios, trocam carteiras, dão mochilas e livros; melhoram equipamentos e salários. Só não levam em conta o que pensa o protagonista da educação, que é o aluno. Muitos pobres? Não interessa por que são tantos. Bolsa Família neles, e outras benemerências para que se calem. Molecada está na droga? Em vez de programas de recuperação, atividades inclusivas e que despertem talentos para o esporte, educação, lazer e artes, polícia neles. Falta lazer? Pra pobre zoológico está bom demais. O esporte na cidade é fraco? Buscam atletas de fora, que ganham troféus para serem expostos no Centro Cívico e depois virar sucata. Para gerar empregos se servem do estratagema obsoleto de aliciar empresas com incentivos e infraestrutura. Embora empreguem mais e gerem mais impostos, pequenas empresas não dão visibilidade e nem bancam campanhas. Legumes e frutas são essenciais à saúde. Uma boa política de incentivo à agricultura familiar e orgânica ajudaria muito. Porém, a cana de açúcar é mais vantajosa; para políticos e usineiros, claro.

Governos assim demandam muito dinheiro, que alimenta uma imensa roda de interesses, mas não traz para a população qualidade de vida efetivamente sustentável. Talvez por isso o desenvolvimento econômico lhes seja uma obsessão.

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