FIM-DE-LINHA
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Gostaria de ler ou ouvir uma análise independente e adequada desses últimos oito anos de governo tucano, que modificou completamente Piracicaba. Até agora o que ouvi foi badalação de bisonhos jornalistas e de pessoas cujas opiniões carecem de lastro. Leio os textos que o prefeito anterior – como se ainda o fosse – publica. Procuro a Piracicaba da qual tanto fala e não encontro. Cansei de ouvir essa gente se arvorar salvadora de uma cidade atrasada e falida. Para mim, o conceito de desenvolvimento dessa turma é ultrapassado e não se sustenta. Pouco vi de original. Os problemas da cidade são os mesmos das demais, e persiste no mesmo caminho. Que há de novo em fazer obras e trazer empresas estrangeiras, que além de vínculo nenhum com a cidade ao menor sinal de crise botam todo mundo na rua como é praxe? Os tratores “enfeitando” a praça central no fim de 2012 podem simbolizar aquela administração. Trator faz tudo sozinho e impressiona, contudo, pode deixar após si tanto o conserto quanto o estrago.
A administração anterior se vangloria da “perfeita sintonia” com a Câmara de Vereadores, sem a qual Piracicaba não teria “saído do atraso”. Ora, é sabido que tal “harmonia” começou a ser costurada bem antes das eleições, quando o partido do prefeito saiu à caça de coligações e de potenciais candidatos oferecendo-lhes guarida e recursos visando uma “base aliada forte” para que seu projeto político não sofresse tropeços, como disse um vereador local: “Sou do mesmo partido do prefeito e o Legislativo tem ajudado muito na administração da cidade. Sempre demos respaldo ao prefeito em todos os seus projetos. Ele nunca perdeu um projeto, por mais polêmico que fosse, e todos os seus vetos foram acatados.” A Tribuna Piracicabana 10.04.10. E outro, no plenário, aconselhava colegas a não cuspirem no prato onde comiam.
Tanto é verdade que os Orçamentos dos últimos sete anos foram aprovados sem alterações, assim como a LDO, PPA, etc. Os dois ou três vereadores que apresentaram emendas foram atropelados por seus pares. Nem uma equipe de gênios teria tamanha prerrogativa. “(…) se pensarmos sem que nossas idéias sejam questionadas, são grandes as chances de nos afundarmos em nossas próprias ilusões”. (Hélio Schwartsman Folha 10.02.13). “Quando todos pensam igual é porque ninguém está pensando”. Walter Lipmann.
Penso que, além do bom momento econômico do país, dos repasses federais – que não foram maiores por falta de projetos; da ajuda do governo estadual – do mesmo partido e do apoio maciço do empresariado local, deu tudo certo para aquela administração. Sindicalistas a ela se aliaram, as organizações populares desapareceram, a Igreja Católica ficou na sacristia, pastores leiloaram rebanhos, a grande imprensa local foi conivente segundo seus interesses, a oposição se restringiu a oportunistas que botam a cara a cada 4 anos e o Poder Judiciário se portou como OVNI.
Só espero que a administração em curso se preocupe mais com o cidadão. Caminho diariamente pelas ruas da cidade e deparo com a falta de cuidado, de acolhimento e de respeito. Trânsito louco, som agressivo, pessoas apressadas, cabisbaixas e tristes. Muito lixo, mato alto, arbustos que riscam o rosto, cacos de vidro, fios pelas ruas, pingadas e mal cuidadas árvores. Em muitos trechos – inclusive áreas públicas – não há calçadas, e onde há são estreitas, cheias de mato, buracos, degraus, entulho, material de construção e bosta de cachorro.
Na Piracicaba fim-de-linha, antes da chegada dos “entendidos de progresso”, havia sim muitos problemas, porém nossos muros eram baixos, nossas janelas viviam abertas, as crianças brincavam nas ruas e nossa vida cultural era intensa. Tínhamos tempo para conversar, pescar e curtir cururu. Só na cabeça deles Piracicaba era fim-de-linha.