Cuscuz, herança de escravos

*Artigo e fotos/imagens  retirados do livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Netto.

 cuscuz

Foi – e continua sendo – marcante a influência negra na cultura piracicabana. Infelizmente, a origem dessa riqueza surge de uma página triste: Piracicaba, durante o Império, foi a terceira cidade com a maior população escrava do Estado de São Paulo, ao lado de Campinas e Bananal. No entanto, ao longo do tempo, a miscigenação foi crescente e os escravos, tornando-se livres, deixaram sua herança magnífica na culinária, na dança, nos esportes, na inteligência.

Se não se pode dizer tenha, Piracicaba, uma culinária própria, é lícito afirmar-se haja pratos que se tornaram característicos de nossa região. O cuscuz foi um deles, certamente o principal. Em 1899, já se noticiava a realização de um “Concurso de Cuscuz”, na Rua do Porto. Essa tradição, ao longo do século 20, foi mantida especialmente pelo Clube 13 de Maio. As delícias do cuscuz eram disputadas em jantares e eventos feitos pelas cozinheiras negras. Na Rua do Porto, “fazer cuscuz” é especialidade daquela região gastronômica. Foi no Restaurante Arapuca, a partir de 1967, que o “cuscuz do Hélio e do Paulo”, os irmãos Pecorari, se tornou famoso.

Na mais do que secular Festa do Divino, o cuscuz é prato especialíssimo, como que componente indispensável do sagrado popular.

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O prédio da Arapuca, quando era armazém, no início do século 20

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