Noiva da Colina e o véu

*Artigo e fotos/imagens  retirados do livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Netto.

 

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Piracicaba espalha-se sobre 13 colinas. Mais, portanto, do que as históricas sete colinas de Roma. Não se trata de nenhuma vantagem. Mas um registro também sentimental. Partindo da Rua do Porto, a povoação dirigiu-se ao atual centro da cidade, em direção à capela e igreja matriz. De outro lado, em direção à atual Vila Rezende. Podemos dizer, assim, ter havido um Vale do Piracicaba, chamado Guaçu; escorrendo morro abaixo, houve o Vale do  Itapeva. Os nossos ancestrais subiram, então, até onde está o Cemitério da Saudade e, de lá, desceram, chegando ao Vale do ribeirão Piracicamirim, o Piracicaba- Mirim. E se espalhou em direção a riachos, ribeirões, a profusão de águas que fertilizaram a terra.

Um homem de grande cultura e sensibilidade – promotor público, poeta, intelectual de nomeada – Brasílio Machado publicou, em 1º de agosto de 1886, o poema que imortalizaria a cidade. Nele, Brasílio inicia com uma invocação: “Sacode os ombros nus, ó, Noiva da Colina…” E prossegue: ‘“…e arranca-te das mãos o manto da neblina que ondula sobre o rio, enorme e solto véu.”

A bruma do rio espalhava-se pela cidade, como que a abençoando. Brasílio Machado viu-a. E cantou-a. Ainda agora – em noites límpidas, quando o rio esbraveja em tempos de chuva – a bruma surge em noites pacíficas. Haverá de vê-la quem tiver olhos de ver. Ou, apenas, alma de amar.

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