Chaminés, sinais de segurança
Se a Rua do Porto é o umbigo de Piracicaba – ao lado da qual correram nossas águas batismais e novas correntes abençoam-nos a cada dia – há, nessa rua, um lugarzinho especial que aquenta a alma deste contador de histórias. É lá, onde estão – ainda hoje – as duas imensas chaminés que, parecendo solitárias, são, na verdade, vigias de uma herança.
Naquele lugar, está, também, parte da história de minha família. E, portanto, de minha infância. Aquelas chaminés – com o nome de meu tio, Elias Cecílio – são reminiscências da Cerâmica São Paulo, da olaria que nos encantava. Era aventura do cotidiano sair correndo das águas do rio, à frente do Largo dos Pescadores, e correr até a cerâmica, onde rolávamos na lama. E, depois, voltar correndo para nos banharmos novamente na nossa bacia de água corrente.
Sair de lá, levado por carrocinha com burro ou cavalo, e ir comprar pão feito em casa no sítio dos Soledade, em Pau d´Alhinho, era aventura fascinante. Para retornar, a referência eram as duas chaminés. Eram sinais de segurança. Hoje, altivas, tornaram-se testemunhas do bem querer de um povo às suas raízes. A mim, elas confortam, sedimentando lembranças.
Esses são artigo e foto retirados do livro “Piracicaba que amamos tanto”, de Cecílio Elias Netto. Saiba mais sobre a obra.