Pioneirismo: Teixeira Mendes antes de Mário Dedini

*Artigo e fotos/imagens  retirados do livro “Piracicaba, a doçura da terra”, de Cecílio Elias Netto.

A nossa história registra com detalhes, na segunda metade do Século XX, a importância da produção industrial de equipamentos para a indústria sucroalcooleira pelo Grupo Dedini, resultado da verdadeira revolução industrial provocada pela lucidez de Mário Dedini que, bem a propósito, recebeu o reconhecimento ao ser-lhe dado o qualificativo de “Contemporâneo da Posteridade”.

No entanto, Piracicaba já produzira grandes peças para usinas na década de 1920. E a responsabilidade foi toda de um outro grande líder e visionário, a quem Mário Dedini muito recorreu: Octávio Teixeira Mendes. Ele e João Bottene são, infelizmente, personalidades que nossos escritores e escolas mantêm em penumbras inexplicáveis.

As Oficinas Teixeira Mendes, que trabalhavam com fundição de ferro e bronze, mecânica, carpintaria e veículos, segundo relata a historiadora Maria Celestina Teixeira Mendes, aceitaram, na década de 1920, uma encomenda de uma usina de açúcar de Lorena, pertencente à “Companhie de Sucréries Brésiliénnes”, a mesma que se tornou proprietária do Engenho Central. Tratava-se de uma peça de sete toneladas, que sustentava “três mancais da moenda” e que teria que ser importada da França para que a safra pudesse ser processada caso não pudesse ser produzida no Brasil.

Octávio Teixeira Mendes aceitou o desafio, mas, como sua fundição tivesse capacidade para apenas 1.600 quilos, alugou um local em São Paulo. A peça danificada foi enviada de Lorena a Piracicaba e aqui se fez um molde em madeira do que deveria ser fundido em ferro, o que acabou por ocorrer em São Paulo. O equipamento foi aprovado e a usina pôde, com ela, processar integralmente sua safra.

As oficinas Teixeira Mendes ainda responderam por outros grandes serviços, como a reforma de duas locomotivas da Estrada de Ferro Sorocabana. Mas, na sua produção, também listavam-se itens menores, como ventiladores para porões, ferros de engomar para alfaiates, serras circulares, tornos mecânicos, panelas de alumínio. As oficinas localizavam-se em velhos edifícios e barracões da atual rua Octávio Teixeira Mendes, atravessando a rua Santa Cruz, nas proximidades da Escola de Música, onde se encontram poucas paredes remanescentes daquela época.

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