Memória – Centro Cultural Martha Watts (3)
Reproduzimos, em capítulos, um pouco da história da missionária metodista norte-americana Martha Watts e do Colégio Piracicabano – trajetórias que influenciaram a educação do Estado de São Paulo, no final do século XIX. Este conteúdo foi reunido na publicação que comemorou a inauguração do Centro Cultural Martha Watts.
Fachada do Colégio Piracicabano, no início do século 20, e prédio Trinity, ao fundo, com a torre
O Colégio abre suas portas
Miss Watts chegou em maio e o Colégio Piracicabano foi inaugurado em 13 de setembro de 1881, com apenas uma aluna – Maria de Azevedo Escobar, filha de um jornalista. Dois dias antes, foi aberta a primeira igreja metodista de Piracicaba e a terceira do país. As aulas eram ministradas numa sala alugada, no Largo da Matriz. 0 prédio principal foi inaugurado poucos anos mais tarde, em 29 de janeiro de 1884, reunindo já 45 alunas, um número que cresceu rapidamente.
Escola confessional, ligada à Igreja Metodista, o Colégio abrigou boa parte dos filhos da elite local. Muitos deles, mais tarde, tiveram atuação expressiva na vida do país – seja pessoalmente ou por suas relações familiares. O Colégio ainda se preocupou com a precariedade das outras escolas locais, fazendo doações e campanhas para arrecadar recursos.
Diante desse cenário, Prudente de Moraes, o governador da Província de São Paulo e futuro presidente da República, convidou Martha Watts para, junto com Rangel Pestana, promover a reforma educacional de toda a rede pública estadual de ensino, que seria promulgada em 1890. Martha recusou a proposta, para não se desviar de seu trabalho missionário, mas a reforma foi influenciada pela pedagogia adotada por ela para o Colégio. Mais tarde, o Colégio Piracicabano seria identificado como a “célula-mãe” do ensino no Estado de São Paulo.
A partida
Diante de um Colégio já estruturado, Martha Watts deixou Piracicaba, em 1895, para implantar novas escolas no país. Depois de uma breve transição, Lilly Stradley assumiu a direção do Colégio pelos 30 anos seguintes, até 1928, consolidando o trabalho iniciado por Miss Watts.
Duas de suas várias realizações foram fundamentais: a ampliação da área do Colégio, com a construção do Anexo Martha Watts, concluído em 1912; e a abertura do curso ginasial, em 1926. A sucessora de Miss Watts foi igualmente respeitada e querida pela sociedade piracicabana. Sua ligação com o Colégio foi tal que aplicou recursos de sua herança paterna na construção desse anexo.
Martha retornou ao Colégio pela última vez em 1907, para o evento de lançamento da pedra fundamental do novo prédio. Ela faleceu um pouco mais tarde, em 1909, nos Estados Unidos.
Acompanhe outros capítulos da história da missionária metodista norte-americana Martha Watts e do Colégio Piracicabano, seguindo nossa hashtag Memória Martha Watts.