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O cuscuz

A história do cuscuz é imemorial. Surge muitos séculos antes de Cristo no norte da África, espalha-se pelo mundo. Para o Brasil, o cuscuz foi trazido pelos portugueses, mas aprimorado pelos negros escravizados. Essa é a sua história também em Piracicaba. A imprensa do século XIX dava conta de um “concurso de cuscuz” realizado na Rua do Porto, tendo negras libertas como cozinheiras. E a Rua do Porto tornou-se berço dessa iguaria, muito embora, ao longo de nossa história, quase todas as famílias fizessem cuscuz, tendo os seus próprios cuscuzeiros.

Nesse Guia Amoroso, não posso deixar de registrar a minha participação involuntária na divulgação e popularização de, pelo menos, o “cuscuz da Arapuca”. Foi no final dos 1960 e o local era um barzinho, conhecido como a “Arapuca do Hélio”, seu proprietário junto com o irmão Paulo, da família Pecorari. Pois bem. Houve uma época em que, na madrugada – quando os jornais encerravam suas edições do dia – apenas a Arapuca e a zona do meretrício estavam abertos para se fazer um lanche, tomar-se uma cervejinha. E, numa daquelas noites, estando lá com meus companheiros de trabalho, jornalistas, falei para o “Seo Paulo”, sem qualquer pretensão: “Ô, seo Paulo. O que é que pode ser feito para a gente comer? Estamos doidos de fome.”

E Paulo Pecorari, o professor, preparou-nos um cuscuz, o primeiro que iríamos experimentar. A delícia contagiou-nos. Foi quando, todo animado, escrevi, no dia seguinte, sobre a maravilha do cuscuz que comêramos na Arapuca dos Pecorari. Sem que eu e os Pecorari pudéssemos imaginar, começou a romaria dos que desejavam “comer o cuscuz do Cecílio”. Como a expressão dava margem a comentários zombeteiros, passei a referir-me ao “cuscuz da Arapuca”. Pegou. E lá se vão mais de 50 anos! Os bares da Rua do Porto, quase todos, fazem o nosso incomparável cuscuz caipira.

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