Barcos, indústria primeira

barco

Acervo Cecílio Elias Netto

Se, na origem da palavra, entender-se indústria como habilidade, aptidão para realizar algo; capacidade de criar, de produzir com arte – os primeiros industriais de Piracicaba foram os índios paiaguá. Eles eram especialistas na fabricação de canoas, de barcos. E essa parece ter sido a primeira vocação industrial da cidade, pois Antônio Correa Barbosa, o Povoador, foi exímio construtor de canoas, no aproveitamento da madeira de árvores especiais e abundantes da povoação. Eram cabreúvas, jequitibás, perobas, timoúvas. O capitão mor de Porto Feliz descreveu, em “Viagens pelo Brasil”, como eram feitas: “…cavadas de modo igual àquelas dos lagos das montanhas bávaras, num só tronco, têm de 50 a 60 pés de cumprimento, cinco e meio pés de largura, três a quatro de fundos, podendo levar uma carga de até 400 arrobas, além das necessárias provisões. A maioria delas é fabricada nas belas matas virgens do rio Piracicaba”. As canoas fabricadas pelo Povoador abasteciam as forças do governo paulista em luta no Forte de Iguatemi.

barco1

Acervo Cecílio Elias Netto

A família de João Bottene foi pioneira na fabricação de barcos a vapor. Mas foram os Irmãos Adâmoli – por iniciativa de Emílio Adâmoli, em 1906 – os grandes construtores de botes, ioles, barcos que atenderam a pescadores, atletas e aficionados do remo. Era a Fábrica de Barcos São José, posteriormente Fábrica Adâmoli. Os irmãos pintavam os barcos de acordo com o tipo de pesca a ser feita, pois, segundo eles, os peixes eram atraídos pela cor. Essa afirmação é corroborada pelo notável cientista Salvador de Toledo Pizza Jr., no opúsculo “Em torno da vida dos peixes”.

Leia mais sobre a nação paiaguá e o o livro Piracicaba, um rio que passou em nossa vida, de Cecílio Elias Netto.

Deixe uma resposta